Cabo Delgado: Deslocados continuam a enfrentar fome nos centros de acolhimento

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Pemba (IKWELI) – Um pouco por todos locais onde vivem, incluindo os centros de reassentamentos, as famílias deslocadas dizem estar a enfrentar enormes desafios no acesso a ajuda alimentar, canalizada pelas autoridades e seus parceiros de ajuda na resposta humanitária em Cabo Delgado.

Por exemplo nos centros de reassentamentos do distrito de Chiúre, as famílias deslocadas, principalmente as oriundas do distrito de Mocímboa da Praia, queixam-se de humilhação a quando da inscrição ou recepção dos donativos doados pelo Programa Mundial Alimentar (PMA).

De acordo com relatos dos correspondentes do Ikweli, há igualmente omissão de nomes nas listas dos beneficiários, e os responsáveis alegam que “essas pessoas já devem ter recebido noutros bairros”, sem, no entanto, apresentar provas.

“Dizem que não tenho direito de receber comida porque recebi, mas a verdade é que não recebi nada”, disse uma mãe que cuida de seis menores, dos quais dois são seus filhos.

No centro de deslocados de Mapupulo, no distrito de Montepuez, as reclamações, também, estão no facto de nas novas listas não constarem nomes de famílias que, anteriormente, eram beneficiárias de cheques mensais de 3.600,00Mt (três mil e seiscentos meticais).

No centro de Marocane, no distrito de Ancuabe, os deslocados alegam que a comida que receberam no mês passado [Agosto] é a última e que o PMA avisou que tem dúvida se haverá nova alocação nos próximos meses.

Aliado a este factor, os deslocados de Marocane, segundo contaram, dizem que foram aconselhados, numa reunião, para abrir novos campos e aumentar as áreas de produção e que o governo vai alocar semente melhorada, para a próxima safra agrícola com vista a garantir a sua segurança alimentar.

No distrito de Macomia, até no dia 18 de Setembro, as famílias deslocadas dos postos administrativos de Mucojo, Quiterajo, bem como das aldeias do distrito de Quissanga e Muedumbe, não tinham recebido algum apoio alimentar das autoridades, e segundo nossas fontes locais, os registos para o efeito foram feitos várias vezes.

Já no distrito de Palma, onde mais de 20 mil pessoas deslocadas em Quitunda, regressaram nos últimos dias a vila sede, os residentes queixam-se de elevado custo de venda de produtos, alguns dos quais, vendidos por elementos das Forças de Defesa e Segurança.

Dados de correspondentes locais indicam que os produtos básicos ainda continuam altos, a pesar de ligeira descida, o que concorre para que muitas famílias compostas por idosos e crianças ainda passem fome.

O óleo alimentar está a 150,00Mt (cento e cinquenta meticais) o litro, arroz ronda nos 200,00Mt (duzentos meticais) e 170,00Mt (cento e setenta meticais) a cada quilo, farinha de milho 150,00Mt (cento e cinquenta meticais) o quilograma e o açúcar custa entre 200,00Mt (duzentos meticais) e 250,00Mt (duzentos e cinquenta meticais).

Em Palma, para além da vila sede, os produtos alimentares estão disponíveis na aldeia Maganja/Namandingo. (IKWELI)

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