Nampula regista uma crise tremenda de cimento de construção

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Nampula (IKWELI) – A cidade e província de Nampula, no norte de Moçambique, enfrenta nas últimas semanas uma acentuada crise de falta de cimento de construção e, como consequência, disparou o preço de compra nos principais revendedores formais e informais do referido produto.

Os poucos postos de venda do cimento de construção civil que, ainda, dispõem stock do produto, pelo menos na cidade de Nampula, a cada saco de 50 quilogramas (50kg) chega a custar 600,00MT (seiscentos meticais) contra 515,00MT (quinhentos e quinze meticais), preço praticado até a terceira semana do mês de Agosto findo.

“A situação da falta de cimento está péssima desta vez. Estou há dois dias a procura de cimento, mas é difícil, eles fazem a um preço de proibição, 590,00MT um saco, isso é demais”, considera Adamo Estevão, munícipe residente no bairro de Namutequeliua na cidade de Nampula.

“Acabo de adquirir estes três sacos de cimento a preço de 590,00MT cada, não tenho outra opção, porque circulei nos locais onde conheço, mas não tem cimento, aqui é o único sítio que pelo menos ainda tem. Iniciei com minha obra, então é preciso evitar que pare na totalidade”, referiu Ancha Marcelino, momentos após ter comprado o cimento num dos revendedores na zona de Cotocuane, no bairro de Namutequeliua.

Estefânio Adamugi, outro munícipe que falou a nossa equipa de reportagem, caracteriza o cenário da escassez de cimento na cidade de Nampula como preocupante. “Sim, até compromete muito. Venho da zona do campo dos Macondes (Unidade Marien Nguabi), lá todos sítios de venda não têm cimento, passei no Nasser, também, não tem cimento, toda zona da Memória ninguém tem cimento a venda, apenas aqui em Cotocuane é que pelo menos tem, talvez seja por isso que estão a fazer 590,00MT para Cimento de Moçambique e 560,00MT cimento Maiaia, se a situação continuar assim, acredito que um saco passará a custar 700,00MT”, antevê a nossa fonte.

No meio deste cenário preocupante, ainda não se sabe as reais causas que estão na origem da crise de cimento de construção, com principal destaque para o cimento de Moçambique.

Entretanto o Ikweli conversou com uma fonte bem posicionada na empresa Cimentos de Moçambique, unidade fabril de Nacala, que preferiu o anonimato, o qual explicou que a escassez do cimento de construção deveu-se a baixa produção durante o último mês de Agosto.

Segundo explicou a nossa fonte, a fraca produção da empresa deveu-se a falta clínquer, em toda região norte de Moçambique. Segundo apuramos junto do nosso interlocutor, clínquer é uma das matérias-primas para o fabrico do cimento, para além do calcário e gesso.

“Há falta de cimento de facto”, reconhece a nossa fonte, acrescentando que “houve falta do clínquer em toda região norte de Moçambique e no mercado internacional, também, havia muita procura e como sabe, lá fora há empresa mais poderosas que a nossa, daí que primeiro foram eles a comprar o clínquer e chegou a nossa vez. Durante este período aqui internamente tentamos usar vias alternativa, mas era muito despendioso, gastava muita energia eléctrica assim como requeria muito esforço humano, por isso a empresa decidiu por parar e esperar pelo mercado internacional para aquisição do clínquer”, referiu o nosso interlocutor.

Segundo a fonte, os trabalhos ao nível da unidade fabril de Nacala já retomaram na sua normalidade pelo que a crise de cimento de construção será ultrapassada brevemente. “Agora já temos o clínquer, nunca tivemos problemas de calcário porque temos uma mina aqui, o gesso nunca foi problema, por isso a situação será normalizada. O que devo dizer, também, é que para o público em geral pode levar algum tempinho, porque agora as atenções da empresa estão viradas para o fabrico de cimento 42.5 para o Porto de Nacala porque eles estão com algumas obras deles e por isso fecharam o negócio há muito tempo com a nossa empresa”, explicou o nosso interlocutor, lamentando a especulação do preço por parte dos revendedores. “O que sei é que aqui internamente não se registou o incremento do preço de venda, essa subida só devem ser comerciantes oportunistas que tiveram o stock do produto nos seus armazéns, acredito”. (Constantino Henriques)

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