Maputo (IKWELI) – O país assinala nesta terça-feira o dia da vitória, comemorando a conquista da independência nacional com a assinatura dos Acordos de Lusaka, a 7 de Setembro de 1974, na vizinha Zâmbia.
Nesta data, o partido Nova Democracia (ND) apela que ao se celebrar o dia da vitória, seja-o feito para a recuperação da esperança pelos moçambicanos.
“Foi a luz destes acordos que estabeleceu-se a transição para a independência de Moçambique que viria aser solenemente proclamada no dia 25 de junho de 1975, dia em que muitos retomamos os nossos sonhosde liberdade e justiça. Um novo mundo abria-se perante nós, e nós éramos os donos”, reconhece o ND, apontando que “os inícios foram extremamente duros e difíceis para o país. A comida escasseava, perdíamos parte da nossa capacidade produtiva, industrial e económica, consequência de anos de submissão ao primeiro colono. Grande parte da população era analfabeta e tudo estava por fazer”.
Adiante, o partido, em comunicado de imprensa, avança que, “mas aqueles tempos tinham o mais essencial; O ponto de partida era o certo. Tínhamos uma ideia e um sentimento comum. Queríamos construir, haviaconsciência dos sacrifícios a fazer, mas que os mesmos seguiam um ideal; um Moçambique melhor para gerações inteiras”, por isso “quando olhávamos para os nossos governantes e para o nosso Presidente, sentíamo-nos identificados, acreditávamos neles, na sua honestidade e capacidade, no seu esforço ededicação para o bem o comum. O 7 de Setembro de 1974 abriu um espaço de esperança e felicidade”.
“Com o passar do tempo, constata-se que tudo aquilo ficou pelo caminho. A esperança tornou-se emresignação e raiva. A justiça adoptou o lugar oposto, injustiçando a todos nós. Os sonhos tornarem-se em pesadelos, e a honestidade em corrupção. O colectivismo deslocou-se para o individualismo e os nossos governantes e sucessivos presidentes se distanciaram do povo, tornando a fidelidade em traição”, lê-se no comunicado do partido, prosseguindo que “hoje, as maiorias camponesas mal trabalham a terra com a suaenxada, como se de uma homenagem ao passado se tratasse, fruto da inexistência de políticas rurais e agrícolas com objetivos claros e definidos, em base ao potencial nacional e focadas no nosso povotrabalhador. Pelo contrário, somos apresentados grandes programas agrícolas que na sua materialização, mostram-se falidos e orientados às elites num exercício de sofrimento sem fim e um futuro de incertezas”.
Num outro desenvolvimento, o partido liderado por Salomão Muchanga aponta que “o rápido crescimento das cidades não tem sido previsto nem planificado. Consequência; bairros sem serviços urbanos básicos, mercado de emprego incapaz de responder à demanda, conflictividade e vidas cheias de penúria”, tanto que “temos quilómetros de mar, mas o peixe a preço acessível é angolano, e as grandes empresaspesqueiras são estrangeiras. Moçambique, após satisfazer as suas necessidades, pode e deve exportar peixe para o mundo, fazendo disto a riqueza das comunidades”.
“As pessoas idosas, muitas envolvidas na Luta de Libertação, são deixadas da mão de Deus, tendo que viver os seus últimos anos com resignação e saudade. Após 47 anos dos Acordos de Lusaka, não temos sido capazes de desenvolver um sistema de proteção social que garanta as condições das pessoas maisvulneráveis, obrigando também às gerações jovens a contribuir para o sustento de familiares,sobrecarregando ainda mais as suas sofridas contas familiares”.
Por outro lado, segundo o mesmo documento, “em política externa, o país zanza sem rumo, guiado apenas por interesses individuais e pelas urgências de fechar buracos que a sua inoperância tem criado. Semnenhum impacto na sua presidência e participação na SADC, mas sim com um aumento da tensão nas relações com vizinhos como Tanzânia e África do Sul”, e “o regime enquanto burguesia subalterna, abaixa acabeça perante o que ontem chamou de forças inimigas e deixa espoliar os recursos naturais, perdendo toda sua riqueza sem justa compensação as populações e vergando sua soberania”.
Igualmente, o ND escreve que: “sentimos que mais do que nunca, homens e mulheres, jovens e adultos,chegou o momento de determinarmos que basta do sofrimento a que estamos sujeitos a maioria dos cidadãos, nas cidades e no campo” e que “bastam as humilhações no nosso próprio país, e que chegou o momento de nos unirmos no mesmo projecto, para tomar o poder dos que nos tratam como cidadãos deterceira, num país que também somos donos e de direitos”. (Redação)