Parto humanizado à venda: “Paga-se para ter bebé no Hospital Central de Nampula”

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O jovem extorquia os pacientes em troca dos beneficios que tem como doador de sangue

Nampula (IKWELI) – Parturientes e seus familiares denunciam esquemas de cobranças ilícitas “forçadas” pelas parteiras, como forma de retribuir o seu esforço na assistência de serviço de partos, no Hospital Central de Nampula(HCN), a maior unidade sanitária do norte de Moçambique.

Este grito de socorro não é novo, mas, segundo apurou o Ikweli, actualmente, a situação tem vindo a ganhar contornos arrepiantes e preocupantes, uma vez que as cobranças são feitas como se elas fossem oficiais.

No centro de Saúde de Namiepe, no bairro de Namicopo, parturientes e familiares, também, denunciaram ao governador de Nampula, Manuel Rodrigues praticas do género [ver edição 757 do Jornal Ikweli, PDF, de 13 de Agosto de 2021].

Na verdade, os serviços de parto, nas maternidades dos estabelecimentos hospitalares do sector público, são gratuitos. Mas, tal como apuramos, para ter acesso facilitado e urgente, no HCN, o valor estabelecido ilegalmente inicia com um mínimo de 500,00Mt (quinhentos meticais).

Segundo apurou o nosso jornal, as serventes (agentes de serviço) têm sido as intervenientes no processo de negociação e recebimento de valores monetários, através dos familiares das parturientes.

“Normalmente, todas as mulheres grávidas em momentos de gestação sabem, e há quem saia preparada, para portar um valor monetário, caso não a pessoa não é atendida perfeitamente; deixam-te a rebolar, com dores, e o seu atendimento rápido depende de alguma parteira de boa-fé que esteja a trabalhar no mesmo turno”, disse uma cidadã que não quis identificar-se.

Uma cidadã que, também, não quis ser identificada, alegadamente para não afectar negativamente no atendimento da sua cunhada, ora parturiente com bebé no berçário, confidenciou ao nosso jornal que o seu irmão tinha de entregar 500,00Mt a ela para intermediar o processo de atendimento personalizado, a sua esposa, na noite do sábado passado.

Entretanto, recentemente, o Ikweli questionara o director-geral, Cachimo Mulina, sobre as alegadas cobranças ilegais para o parto humanizado o qual disse não ter conhecido de casos do género, tendo encorajado denúncias.

“Maternidade não se paga. Estamos a ouvir falar, nós queremos que tragam-nos o indivíduo que disse que eu paguei para ter o parto, isso é o que nós queremos. Enquanto não chegarmos a isso, dizer, por exemplo, a minha irmã, minha mãe pagou tanto e a quem pagou para ter parto não teremos como resolver isso, e aí vocês estariam a contribuir para que saiamos desses problemas”, disse.

Recorde-se que as questões relacionadas com as cobranças ilícitas no Hospital Central de Nampula sempre são rejeitadas pela direção daquele estabelecimento hospital, mas entretanto, em princípios do mês passado três funcionários teriam sido detidos indiciados num esquema de venda de sangue. (Sitoi Lutxeque)

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