Pesquisa de hidrocarbonetos em Angoche divide governo e sociedade civil

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Nampula (IKWELI) – O ministério dos Recursos Minerais e Energias garante que os primeiros furos de pesquisa de petróleo e gás na bacia de Angoche, na província de Nampula, norte de Moçambique, serão realizados no próximo ano.

Lembre-se que em Outubro de 2014, o Governo moçambicano lançou o 5º concurso de prospecção de hidrocarbonetos, com vista a desenvolver trabalhos de pesquisa em campos localizados nas áreas marítima da Bacia do Rovuma, no Delta do Rio Zambeze e na Bacia de Angoche, assim como na parte terrestre das áreas de Palmeiras e a volta de Pande-Temane, cujos contratos foram rubricados em 2018.

Passados quatro anos, o ministro dos Recursos Minerais e Energia, Ernesto Max Tonela, anunciou, na sua deslocação recente a província de Nampula, que os primeiros furos de pesquisa de petróleo em Angoche serão para o próximo ano, apesar de algumas restrições de viagens, impostas pelo novo coronavírus, que afecta as empresas envolvidas.

“Os projectos de Angoche estão a correr, no âmbito dos contratos de concessão para prospecção e pesquisa, no período de 8 anos subdivido em vários sub-períodos, e as concessionárias estão a cumprir, com algum impacto negativo devido as restrições de viagens, decorrentes ao ambiente do covid-19. Mas nós esperamos que as actividades para a realização do primeiro furo decorram em 2022”, disse.

Os projectos da bacia de Angoche são liderados pela estatal moçambicana Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) e a petrolífera norte-americana Exxon Mobil.

Todavia, as organizações não-governamentais que operam nas áreas dos recursos naturais, no país, em particular na província de Nampula, continuam a desconfiar do “negócio” de pesquisa e prospecção de petróleo na bacia de Angoche. Tudo porque, segundo a Associação Nacional de Extensão Rural (AENA), uma das organizações, o governo liderado por Filipe Nyusi está a fazer tudo em silêncio e com pouca e /ou sem a participação das organizações da sociedade civil.

De acordo com o director executivo da AENA, Jordão Matimula Júnior, várias organizações, incluindo a sua, tomaram o conhecimento da potencialidade de petróleo, na bacia de Angoche, a partir da quinta ronda que se fez a nível do governo algumas empresas mineiras, nomeadamente ENH e Exxon Mobil, há quatro anos, sem no entanto haver alguma auscultação e toda informação era guardada a sete chaves.

“No ano passado iniciou um processo de consulta, por parte de uma empresa contactada pela ENH, para auscultar a sociedade civil, embora nós entendíamos que ao mesmo tempo que nos era auscultado decorria a prospecção do petróleo”, lamentou.

O director executivo da AENA considera que o governo está a ser precipitado no caso da bacia de Angoche, e diz que “é preciso esperar, claro que o processo de prospecção e pesquisa é de 5 a 10 anos. Temos experiência dos outros pontos do país, como Inhambane que começou desde 2004 com a exploração de gás de Pande-Temane e até hoje passados mais de dez anos, o que se vê? qual é o ganho que se encontra? Percebe-se que os donos do gás garanhão muito mais que as populações”, aconselhou.

O maior receio das organizações da sociedade civil, segundo Matimula, é o alastramento do terrorismo, que semeia lutos na província nortenha de Cabo Delgado, se alastre para toda a região de Angoche, por causa dos seus recursos associados a pobreza e desemprego que abraçam a população, principalmente os jovens.

“Não queremos que Angoche seja um novo palco de insurgentes em Moçambique. Note que os jovens que são recrutados para o extremismo violento são oriundos das regiões costeiras de Moçambique, sobretudo Memba, Ilha de Moçambique, Nacala, Nacala-a-velha e Angoche”, disse. (Sitoi Lutxeque)

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