Nampula (IKWELI) – O bairro de Namicopo, mais populoso do país, é conhecido ao nível de Nampula, e não só, por ser uma circunscrição que se identifica com a criminalidade, desrespeito ao poder estadual e ausência de serviços essências.
Segundo dados oficiais, em Namicopo vive cerca da metade dos mais de 700 mil habitantes da maior autarquia do norte de Moçambique, e é reparando a isso que uma equipa do Ikweli visitou o bairro, a fim de colher a situação que lá se vive nas vésperas do dia da cidade, que se assinala no próximo 22 do corrente mês.
Viver em Namicopo é sinónimo de “rejeição” na cidade, ainda que a tendência esteja a mudar nos últimos anos, mas é certo que o bairro continua violento, base de residência da maioria dos malfeitores da urbe, incluindo os maiores operadores de táxi de mota.
Mesmo diante de todos estes defeitos, aquele bairro é base de dois dos quatro autarcas que Nampula já experimentou, nomeadamente o actual edil, Paulo Vahanle, e o segundo na história das autarcizações no país, Castro Namuaca.
O problema da criminalidade
Namicopo é famoso por liderar e incubar os maiores malfeitores da cidade. A medida em que as técnicas e/ou formas de ganhar dinheiro vai evoluindo, também evolui o modus operandis do crime.
Nos últimos dias, com a proliferação da actividade de moto-táxi, também, aumenta a táctica de assalto na via publica a cidadãos, principalmente naquela circunscrição geográfica. Não se circula tranquilamente em Namicopo, pois pequena distracção os larápios, sempre conhecidos com os nativos, mas acobertados, surripiam os seus pertences.
Olhando pela sua dimensão, sobretudo os altos níveis da onda de criminalidade, o governo motivou-se a instalar, pelos menos, duas subunidades da Polícia da República de Moçambique (PRM), respectivamente a 3ª e a 5ª Esquadras.
A PRM em Nampula, entretanto, reconhece que Namicopo é o bairro mais agitado e com frequentes registos de casos criminais a nível urbe, mas o chefe das Relações Públicas da corporação a nível da província, Dércio Samuel, diz que a Polícia tem feito de tudo para garantir a segurança e tranquilidades públicas e assegura que continuará a manter ordem.
“Namicopo não é um país fora de Moçambique, temos envidado esforços na segurança pública para continuar a manter a tranquilidade, razão pela qual quase em todos os nossos balanços o bairro aparece nas estatísticas”, disse.
Transportes, combustíveis e vias de acesso
O transporte semi-colectivo de passageiros, vulgo “chapa-100”, opera de forma excepcional naquele bairro, tudo porque os preços são decididos pelos utentes.
Este serviço é prestado em dois troços, sendo um de perto de 4 quilómetros, até ao posto administrativo autárquico de Namicopo e o segundo ligando a rua Dom Manuel Vieira Pinto ao centro de Saúde de Namiepe, numa extensa quase igual.
Enquanto outros troços, regulares, na autarquia cobram 10,00mt (dez meticais), o troço que liga a conhecida zona do bispo para o posto administrativo de Namicopo aplica-se o valor de 5,00Mt.
Há anos quando se registou a última subida do preço do chapa-100, os operadores naquelas rotas tentaram, também, subir, mas os utentes decidiram por caminhar, ignorando aos transportadores, que mais tarde viram-se obrigados a reduzir os preços e ainda pedir favores aos utentes.
Sem nenhuma estação de abastecimento de combustíveis (bombas), os moradores encontrar a oportunidade de comercializar estes produtos, sobretudo a gasolina, cuja origem é duvidosa.
Na verdade, segundo constatamos, os moradores instalaram bombas de abastecimento em suas próprias residências, e os preços praticados são, definitivamente, mais baixos em relação aos aplicados oficialmente. A título de exemplo, o litro da gasolina custa a 60,00Mt (sessenta meticais).
A única via acessível de Namicopo é a Dom Manuel Vieira Pinto, que separa este bairro de Carrupeia, mas todo o resto, com o problema da erosão, a transitabilidade não é das melhores.
Com esta situação, os moradores convivem com poeiras, lamas e outros problemas causados pelas vias de acesso em avançado estado de degradação.
O comércio informal é a principal fonte de rendimentos dos moradores de Namicopo, cuja maioria decidiu, perante a inoperância da edilidade, abrir novos mercados mesmo nas ruas, dificultando o acesso a alguns pontos, bem como a circulação de pessoas e bens.
A rua Dom Manuel Vieira Pinto está invadida por mercados informais, incluindo os entroncamentos que a ligam com o interior do bairro.
Saúde, água e saneamento do meio
No bairro de Namicopo existem dois centros de saúde. Trata-se do Centro de Saúde de Namicopo e de Namiepe, mas estes não recebem muitos pacientes, nos últimos tempos. As autoridades locais suspeitam que as medidas de restrições impostas e o medo de contracção do coronavírus sejam um dos maiores motivos.
A água potável continua sendo escassa em quase todos os 23 bairros que compõem a cidade de Nampula, e o de Namicopo é um deles que depara-se com o problema. Para contornar a crise, o Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água (FIPAG) disponibilizou tanques móveis para prover aquele recurso, mas as enchentes fazem com, sem demora, esgote a água.
À semelhança de tantos outros bairros da cidade, o lixo produzido localmente continua a ser o amigo de quem produz, por conta da morosidade na remoção, por parte das autoridades camarárias. (Sitoi Lutxeque)