Nampula (IKWELI) – O Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), em Nampula, apresentou na manhã desta quarta-feira (7) três indivíduos, dos quais uma mulher, indiciados no envolvimento do assassinato do jovem Selemane Mussagi, a 1 de Junho do corrente ano.
Mussagi foi, barbaramente, assassinado numa das zonas mais movimentadas, e aparentemente seguras, do maior centro urbano do norte de Moçambique, Nampula, quando se dirigia a uma agência bancária, onde pretendia depositar, em numerário, mais de um milhão de meticais. Na ocasião, os malfeitores apoderaram-se do valor e puseram-se em fuga numa viatura, tendo da avenida Francisco Manyanga, local dos factos, rumado para a avenida do Trabalho no sentido sul-norte.
Ao todo, o SERNIC diz que o grupo era constituído por quatro (4) indivíduos, mas até a manha do dia 7 de Julho, apenas, três (3) tinham sido neutralizados.
“Foi um trabalho investigativo que culminou com a detenção do grupo aqui em causa. Estamos a falar de casos de roubos agravados ocorridos em Novembro do ano passado, Março e Junho do presente ano 2021, este último que ocorreu no dia 1 em frente ao banco BIM, concorrendo com homicídio”, disse à jornalistas Enina Tsinine, porta-voz do SERNIC em Nampula.
Na apresentação dos indiciados, a porta-voz deu a conhecer que o SERNIC recebeu informações do acto a partir do cometimento, tendo depois dado seguimento das pistas, sendo que foi possível a apreensão de uma arma de fogo do tipo pistola, na posse de um líder religioso, por sinal um dos membros do gang.
“No último caso nós fizemos a apreensão de uma pistola numa residência a partir de denúncias de populares, a qual dava conta que lá continha uma arma escondida proveniente de um cidadão que havia sido detido, e quando se viu em apuros, acabou deixando o instrumento numa residência abandonada. Portanto, os trabalhos iniciados culminaram com a detenção do bispo citado no grupo. Ele é um bispo de uma igreja, por excelência, que fazia o armazenamento do armamento que a quadrilha usava nos seus assaltos”, contou a fonte.
Enina Tsinine explicou ainda que os supostos criminosos faziam a aquisição do armamento na cidade de Maputo, e que era transportado pela namorada do atirador ora foragido, através de uma transportadora inter-provincial com a rota Nampula/Maputo e vice-versa. Ademais, no assalto e consequente homicídio, os indiciados apoderam-se de mais de 1.000.000,00 (um milhão de meticais), valor este que de acordo com as suas palavras, foi partilhado para cada uma dos cônjuges dos membros do grupo.
Igualmente, “quem fazia o depósito dos valores, fruto de assalto é o senhor bispo, uma vez que os outros tinham o medo de se aproximar ao banco, sob riscos de serem identificados. A parceira, do atirador confirma e, temos na nossa posse, fotografias de residência que foi construída na cidade de Quelimane, fruto do mesmo valor roubado, bem como viaturas compradas através do mesmo valor, o que significa que o grupo não seria apenas actuante na cidade de Nampula, como também a nível do país”.
Para além de provas verbais, ou seja, testemunhas, a porta-voz do SERNIC em Nampula, adianta que existem mais provas que associam os indiciados ao crime, com destaque para a arma usada no crime, contas bancárias em que foram partilhados os valores resultantes do assalto, provas facilitadas pelo bispo, integrante do grupo.
Depois deste acto macabro que pôs fim a vida de um pai e esposo, o atirador abandonou a cidade de Nampula em direcção à capital moçambicana, tendo deixado a sua namorada e os restantes colaboradores. Outro facto não menos importante, segundo a fonte, o atirador que se presume que seja o cabecilha não vive a maior parte do tempo em Nampula, ele simplesmente tem seguidores e o seu trabalho é entrar e protagonizar os assaltos, e depois deixar as armas usadas no crime na mão dos seus parceiros.
Já nas mãos da polícia, os três indivíduos assumem a sua relação com o atirador, bem como a participação no crime. Exemplo disso é a namorada deste que, por presunção de inocência, omitimos a sua identidade. De 23 anos de idade e natural da província de Maputo, conta que chegou a Nampula com a intenção de estudar e, consequentemente, conheceu o namorado.
“Ele é meu namorado, foi no dia 2 de Junho que me pediu para organizar a sua mala porque tinha de viajar, urgentemente, para Maputo, depois o acompanhei para a estação de regresso. Entretanto, ele apareceu na noite do mesmo dia e me disse que não conseguiu viajar. E quando estávamos na cama o meu namorado contou-me que teria atirado em alguém em frente ao banco”, disse a indiciada, para depois afirmar que “o meu namorado é assaltante, eu conheci ele no ano passado na cidade de Maputo, mas ele disse-me que se eu contasse aos outros sobre o seu trabalho os seus amigos iriam à casa dos meus pais e assassiná-los”.
Outros dois neutralizados, dos quais, um vendedor de viaturas no mercado informal e o líder religioso, afirma que sabiam do lado criminoso do amigo, mas mesmo assim continuaram a encobri-lo. Aliás, “as armas estavam todas numa pasta e eu deduzi que eram pistolas, tudo porque ouvi pelos outros que ele era assaltante. Isso foi quando ele pediu-me que eu guardasse a sua viatura porque ele precisa(va) sair da Nampula de emergência, isto no dia 2 de Junho, ao que tudo indica que ia para a casa dele”, contou o cidadão de 29 anos de idade, por sinal o pastor que diz ser trabalhador de uma fábrica de chapas de zinco localizada na cidade de Nampula. (Esmeraldo Boquisse)