Nampula (IKWELI) – O sector agrário na província de Nampula pretende projectar cerca de 40% das famílias que, actualmente, praticam a agricultura de sobrevivência familiar e torná-las em produtores comerciais, nos próximos dez anos, com vista a melhoria das suas rendas.
Actualmente, estima-se que cerca de 90% das famílias residentes nesta que é considerada a província mais populosa de Moçambique dedicam-se a agricultura de sobrevivência cujos níveis de produção não têm sido animadores, o que faz com os índices de pobreza e a fome, também, continuem alarmante.
A intenção foi manifestada nesta terça-feira (22) por Jaime Chissico, Director dos Serviços Provinciais de Actividades Económicas de Nampula, no decurso da reunião de validação do Plano Estratégico de Desenvolvimento do Sector Agrário (PEDSA II).
“Quando olhamos a componente de aumento de produtividade, também, temos que olhar para as transformações que isto vai implicar para as famílias, porque temos que olhar para a agricultura como uma forma de transformar as vidas das pessoas. Sabemos que mais de 90% das famílias rurais dedicam-se a agricultura familiar de subsistência, queremos tirar essas famílias nesse nível de subsistência e levá-las ao nível de produtores comerciais que possam captar receitas a partir da agricultura”, fez saber Jaime Chissico.
O PEDSA II é um documento que ainda está na sua fase de elaboração, no qual constam, como propostas, dos vários intervenientes da sociedade, desde o sector público, privado, parceiros de cooperação, académicos, sobre os caminhos a serem seguidos para a inversão dos actuais níveis da agricultura moçambicana, nos próximos dez anos e será suportado pelo Plano Nacional de Investimento do Sector Agrário (PNISA)
“Esta é a segunda reunião na nossa província e, dizer que, está a decorrer em todo o país, porque em Março tivemos a primeira fase onde os intervenientes contribuíram com aquilo que são as suas ideias sobre o ponto de situação actual do sector agrário e aquilo que querem ver mudado no sector agrário em Moçambique”, contextualiza o Eng. Jaime Chissico.
Segundo a fonte que temos vindo a citar, umas das preocupações levantadas por parte dos envolvidos no processo referem-se a componente de produtividade que continua um desafio no sector agrário em Moçambique, a segurança alimentar e nutricional, infra-estruturas, vias de acesso, acesso de financiamento, entre outras e, “em função disso saíram oito capítulos de suporte desta estratégia e nesses ciclo de capítulos de suporte, olhamos a componente de acesso ao mercado, olhamos para a componente de gestão dos recursos naturais porque é preciso saber que produzirmos sim, mas é preciso preservarmos a questão do ambiente e os recursos que são esgotáveis. Muitas das vezes, olharmos para a questão de participação dos jovens na agricultura, geração de emprego através da agricultura, componentes transversais como a equidade de género, sobre como é que a mulher, também, pode contribuir para o desenvolvimento da agricultura, sem nos esquecermos da questão das mudanças climáticas que é uma realidade”, refere o nosso interlocutor.
“Então, essa questão de acesso dos serviços agrários é crucial para que os produtores consigam aumentar, primeiro a sua produção, mas acima de tudo a produtividade e, se aumentamos a produtividade estamos a dizer que aumentamos a eficiência de produção, significa reduzir os custos de produção e isso é que vai tornar a nossa agricultura competitiva mas, acima de tudo precisamos torna-la mais atractiva para os jovens”, sublinhou Jaime Chissico, para quem “nós queremos, com esta política, garantir que todas as famílias tenham acesso ao alimento. Nós já temos a questão da disponibilidade de alimento, mas é preciso que haja acesso, então para isso é preciso melhorar o nível de eficiência de produção e é aí que nós poderemos aumentar o nível de produção para todos”.
Refira-se que o PEDSA II, validado recentemente na sua fase provincial, é constituído por sete pilares destacadamente, Produtividade agrária, Acesso ao mercado, Investimento agrário, Segurança alimentar e nutricional, Gestão de recursos naturais, Instituições agrárias, Equidade de género e engajamento de jovens, Mudanças climáticas e desastres naturais. (Constantino Henriques)