“Moçambique irá precisar de 10 mil novas Pequenas e Médias Empresas na Agricultura”, ministro Celso Correia

Maputo (IKWELI) – O ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, desafiou o sector privado sobre a necessidade do aumento de Pequenas e Médias Empresas (PME) para o sector que dirige.

“Moçambique irá precisar de 10 mil novas Pequenas e Médias Empresas (PME´s) para fazer a diferença (no sector agrícola) nos próximos 10 anos”, disse o governante, intervindo no 1º Fórum de Negócios da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), onde criticou os bancos comerciais da região no sentido de que “o sistema financeiro que deveria sustentar a nossa economia está alheio ao sector da agricultura”.

Orador principal do painel sobre o agronegócio e cadeias de valor regionais, o ministro Correia afirmou que em Moçambique “não temos ainda sector privado na Agricultura”, não concordando, assim, “que tenhamos de esperar pelas forças do mercado até surgirem as PME´S, temos de conseguir identificar talentos, transferir conhecimento e dar acompanhamento pelo menos durante 5 anos”.

De acordo com o titular da Agricultura, “está comprovado que são estas as Pequenas e Médias Empresas agrícolas que, de certa forma, funcionam como gatilho da cadeia de valor, muito dificilmente iremos tirar alguém do conforto desta sala para ir até ao campo, mais fácil é encontrar uma rede de produção já instalada, que possa abastecer e fornecer alguns produtos nesta cadeia de valor”, e por isso lançou o repto “Moçambique irá precisar de 10 mil novas Pequenas e Médias Empresas  para fazer a diferença (no sector agrícola) nos próximos 10 anos”.

Celso Correia explicou a audiência de empresários nacionais e da região sobre que tipo de PME´s devem surgir para acabar com as importações de comida na SAD: “Nós, em Moçambique, chamamos a eles de PACE´s, um Pequeno Agricultor Comercial Emergente porque ainda não tem registo, não tem acesso a financiamento, não tem acesso a mercado, a estrada que liga a unidade dele ao mercado é deficitária, mas em torno dele tem mais de 200 pequenos produtores e ele tem a sua área de produção. Muito facilmente ele pode criar uma pequena unidade de negócio, e é o que nós estamos a tentar fazer”.

A fonte explicou ainda que o número de 10 mil PME’s é porque “em média, cada uma empresa destas factura entre 100 mil a 1 milhões de USD (dólares) por ano, com 50 a 100 hectares, se nós conseguirmos 10 mil estamos a falar de um crescimento de cerca de 10 biliões de dólares e o numero de empregos que gera por unidade, cerca de 2 a 3 por hectare, em termos de integração da agricultura familiar que é a matriz da nossa base produtiva, cada um deles pode de forma directa assistir 200 famílias, estamos a falar de 2 milhões no caso de Moçambique que passariam a beneficiar destas cadeias de valor”.

Antigo banqueiro, Correia criticou os bancos comerciais da Região Austral de África, apontando que “ganhamos consciência que o sistema financeiro que deveria sustentar a nossa economia está alheio ao sector da agricultura, eu como ministro da Agricultura e ex-membro deste sistema financeiro não posso criticar muito mas costumo dizer que o nosso sistema financeiro na região vive no futuro, mas no presente ainda está ausente daquilo que são as grandes preocupações da maioria da população da região. Mas não é justo pôr esta responsabilidade só nos responsáveis pelo sector financeiro, ao olhamos para os indicadores, no caso de Moçambique só 0,6 por cento é que tem acesso ao crédito, na região não temos estatística apurada, mas os números não devem andar muito longe disso”.

“Portanto temos um sector financeiro orientado para o consumo, serviços e até para a industrialização com razões óbvias, mas a lógica de desenvolvimento, em particular do sector agrário, deve ser profundamente reflectida”, demandou o ministro.

Pragmático, Celso Correia reconheceu que não há soluções mágicas para aumentar o crédito a Agricultura, “enquanto o sector financeiro não sentir benefícios mas ao mesmo tempo obrigado para se começar a movimentar para o país real ou para a economia real que é agrícola nós continuaremos a ter um sector financeiros que maioritariamente pega na poupança do povo e vai comprar Bilhetes do Tesouro na sua essência e empresta a meia dúzia de pessoas, este modelo não é sustentável, e este problema não é da agricultura é do modelo de desenvolvimento que cada nação escolhe”. (Aunício da Silva)

 

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