Entre consensos e desconfianças: discute-se a responsabilidade social e empresarial da Haiyu Mozambique Mining em Angoche

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Nampula (IKWELI) – As 12 comunidades directa ou indirectamente impactadas pelo projecto de exploração de areias pesadas de Sangage, no distrito de Angoche, tem vindo a discutir com a direcção da empresa, o governo local, sociedade civil e a Assembleia Provincial as formas da sua inclusão e benefício pela actividade.

Em Angoche, a exploração de areias pesadas está a cargo da empresa Haiyu Mozambique Mining, firme de capitais chinesas, e desde a sua instalação na região as relações com as comunidades não têm sido das melhores, tanto que a Amnistia Internacional publicou, no passado, um relatório sobre a violação de direitos humanos na comunidade de Nagonha, uma das doze.

Para forçar a empresa e o governo a aceitarem a sua inclusão nos benefícios dos recursos minerais, as comunidades, com a assistência da sociedade civil, enfrentaram diversas batalhas, incluindo o bloqueio de vias de acesso para que maquinarias da empresa não passassem nos seus territórios.

Entretanto, diante das desconfianças, desconforto e ameaças, viu-se aberta uma janela de esperança e diálogo no processo da elaboração de um novo plano de responsabilidade social e empresarial da referida empresa.

O documento, elaborado por uma equipa de consultores de alto gabarito, foi resultado das preocupações colhidas nas reuniões realizadas com as 12 comunidades.

Já afinado e quase para a assinatura do Acordo de Desenvolvimento Local, há quem mantém ainda a desconfiança sobre a sua real implementação.

Na última segunda-feira (24), a sala de reuniões do governo do distrito de Angoche acolheu a última reunião de apresentação do referido plano.

Como manda a lei, foi o administrador distrital que presidiu a reunião, na presença do presidente da Assembleia Provincial de Nampula. Feita a apresentação, na fase de debate, os líderes comunitários ainda se mostravam reticentes em relação ao cometimento da empresa na efectivação do plano.

O que os líderes desejam é que as comunidades não apanhem migalhas da grande riqueza que detém. Devem ser incluídos nos benefícios de forma justa e honesta, e não como simples pedintes.

O líder da comunidade de Serema, por exemplo, queixou-se da poeira que é provocada pelos camiões da Haiyu Mozambique Mining no trajecto fábrica-porto, carregando o minério sem protecção e deixando, também, alguns restos no ambiente comunitário.

Quem, também, sente-se excluído dos benefícios da exploração de areias pesadas pela mineradora são os comerciantes que, a todo o custo, conseguiram entrar na sala de reuniões, mesmo sem convite formal para apresentar as suas inquietações.

Este grupo deixou claro que “devem fazer parte dos beneficiários”, mas o Dr. Morchido Momade, consultor da Haiyu Mozambique Mining rebateu que todos os residentes das 12 comunidades são mesmo beneficiários. (Aunício da Silva)

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