Nampula (IKWELI) – A delegação regional norte da Lambda, uma organização de cidadãos moçambicanos que advogam pelo reconhecimento dos direitos humanos das pessoas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais), entende que a violência baseada na orientação sexual continua sendo um grande problema naquele ponto do país e que o ambiente escolar continua sendo hostil para os mesmos.
De acordo com Orlando Cobre, coordenador da Lambda em Nampula, “a escola ainda é um lugar hostil para a comunidade LGBT”, ainda que “é importante que todos tenham acesso a escola sem discriminação nos termos dos direitos reconhecidos na República de Moçambique”.
“Tivemos um estudo na área da educação e revelou que 76% das pessoas tinham sofrido discriminação no ambiente escolar. Esta discriminação era perpetrada por professores, colegas e isso é preocupante. O mesmo estudo revelou que alguns alunos teriam reprovados por causa de faltar as aulas por causa desta discriminação, esta pressão social que sofriam dentro da própria escola”, disse a nossa fonte.
Para reverter este cenário, Orlando Cobre, ou simplesmente, Cisney, “a Lambda continua a fazer sensibilização e educação pública para a mudança de comportamento em relação a produção de conhecimento sobre questões LGBT, e no geral sobre questões de género”.
Nas celebrações do dia internacional da luta contra a homofobia, Cisney lamenta o facto de a Lambda ainda não ser reconhecida com organização pelos decisores políticos do país, mas congratula-se ao facto da “despenalização das relações homossexuais em Moçambique, em 2015”, como “um grande avanço”.
Igualmente, a fonte comenta que “na área da saúde, temos um documento bastante importante criado pelo Ministério da Saúde no que diz respeito ao atendimento, cuidados e tratamentos na componente de saúde nas unidades sanitárias, que é a Diretriz Nacional para Atendimento a População Chave para a oferta de serviços de saúde de forma humanizada. O Plano Estratégico Nacional de Combate a Sida, também, preconiza uma parte dos homens que tem sexo com outros homens como população chave nesse documento, que são escolhidos como grupo alvo que tem contribuído com alguma taxa para as novas infecções de HIV”.
Visivelmente desgastados com comportamento homofóbico, Cisney comenta que “a discriminação baseada na orientação sexual ainda é visível, porque no sector da saúde estão inclusas, apenas, alguma parte. Por exemplo, as pessoas transgéneras não têm tratamento de saúde especificamente”, concluindo que “há muitos casos de discriminação baseada na orientação sexual, e alguns jovens são expulsos das suas famílias”. (Aunício da Silva)