Nampula (IKWELI) – A Comissão Episcopal de Justiça e Paz, da igreja católica em Moçambique, entende que a pobreza tem sido um indicador bastante para que não se encontre uma solução definitiva do conflito armando no país.
“A não resolução definitiva do conflito armado está acentuando o nível de pobreza e ofusca o sonho de desenvolvimento, o que cria descontentamento de revolta e isso pode ser um foco para origem de um outro conflito que dizima a espécie humana que já está sendo reduzida pelos insurgentes”, refere uma nota distribuída por aquela organização religiosa, da qual ainda se pode extrair que “a maior concentração na defesa do negócio de gaz e petróleo em detrimento da defesa de vida de milhares de moçambicanos induz-nos a acreditar que a primazia do Estado é defender os lucros e bem-estar para um pequeno punhado de gente já abastada”, ainda que “sem vida numa região e sem recursos humanos locais é impossível e absurdo catapultar o desenvolvimento”, por isso “a primeira luta seria de pôr fim ao conflito armado, investir na área de social e de infraestruturas, definir estratégias para uma exploração eficaz e segura dos recursos, onde os lucros farão sentir na melhoria das condições de vida das pessoas humanas residentes no local. E uma aposta na educação dos jovens seria uma aposta estratégia”.
Entende a Comissão Episcopal da Justiça e Paz “há ligação lógica entre uma juventude alienada e as diferentes formas de insurgência tais como a criminalidade, o terrorismo e o extremismo político e religioso”.
“Portanto, assistimos, com todas estas constatações, um agudizar da crise humanitária em Cabo Delgado, uma crise que ameaça alastrar-se a outros pontos do país e da região. Não faz mais sentido parar e não fazer nada, pois estamos implicados todos. Precisamos explorar e perceber os contornos da crise humanitária que hoje assistimos em Cabo Delgado, e salvarmos o que ainda for possível salvar. Em relação ao papel do Governo, vários apelos já se têm feito no sentido de se fazer presente e actuante, de cumprir o seu papel. Mas nós, como Igreja, precisamos acolher e cuidar da vida daqueles nossos irmãos que tiveram que se retirar das suas casas, porque viram tudo a ser destruído”, conclui a nota assinada pelo bispo de Nacala, Dom Alberto Vera Arejula, presidente da Comissão Episcopal de Justiça e Paz. (Aunício da Silva)