Nampula (IKWELI) – O total de 4.607 (quatro mil, seiscentos e sete) menores de idade, de ambos sexos, foram diagnosticados com desnutrição aguda na província de Nampula, no norte de Moçambique, durante o primeiro trimestre do corrente ano, 2021.
De acordo com o responsável provincial do Programa de Nutrição, Malverno Sueleque, os distritos de Monapo, Eráti e Nampula são os que registam o maior índice de desnutrição aguda, respectivamente com 720, 421 e 394 casos.
“Desnutrição é uma condição de doença em que uma pessoa pode se encontrar, devido a fraca ingestão de alimentos em quantidades suficientes para o seu organismo ou, também, pela ocorrência de doenças de forma frequente que fazem com que o seu organismo esteja a perder a massa do músculo, provocando assim emagrecimento de forma gradual. Quando a pessoa estiver nesta condição pode se dizer que a pessoa está desnutrida”, explicou Malverno Sueleque, para depois acrescentar que “temos a desnutrição aguda e a crónica. A desnutrição aguda caracteriza-se pela privação de ingestão de alimentos de curto período, ou a pessoa ficou exposta a doenças e depois se instalou a desnutrição dentro de um período muito curto. Enquanto a desnutrição crónica caracteriza-se por privação da ingestão alimentar num período longo e acaba comprometendo o crescimento das crianças, o que faz com que a idade da criança seja maior enquanto a altura continua baixa”.
Falando ao Ikweli, o responsável provincial do Programa de Nutrição apontou a insegurança alimentar que assolou algumas regiões da província, com maior destaque para o distrito de Monapo, o mau saneamento do meio e má preparação dos produtos alimentares disponíveis no seio das famílias, como sendo os factores que contribuem para que as crianças tenham a condição de desnutrição, o que faz com que o crescimento normal da criança seja comprometido, ou seja, “os nutrientes, por exemplo, ajudam na formação do cérebro. Então, quando uma criança desenvolve uma desnutrição crónica, o processo de desenvolvimento do organismo acaba ficando comprometido e consequentemente, o nível de inteligência vai ser baixo, ou seja, tudo que é a produção cognitiva será baixa”.
“Uma das causas é o saneamento do meio, a insegurança alimentar e as doenças. Ainda mais, se estas crianças não receberem os cuidados médicos adequados e por completo, a curto e médio prazo a criança pode desenvolver problemas de desnutrição. A questão do saneamento do meio se subscreve na água que as famílias consomem e o ambiente de higienização em que vivem. No entanto, se estes factores estiverem ainda a caracterizar as nossas sociedades, esperamos que haja casos de desnutrição nas comunidades.” Explicou a fonte.
O rastreio dos casos de desnutrição em todas as suas vertentes, de acordo com Dr. Sueleque é feito através do programa Pacote de Nutrição na Comunidade liderado pelos Agentes Polivalentes Elementares (APE’s), onde é feita a pesagem e medição do braço das crianças.
O nosso interlocutor explica ainda que a nível das unidades sanitárias é feito o mesmo procedimento, entre outros, que ajuda a identificar a criança tem ou não desnutrição aguda. Caso tenha, ela é referida ao programa.
Refere-se que, de acordo com o Estudo de Base de 2013, a província de Nampula, por sinal a mais populosa do país, possui uma alta taxa de desnutrição, sobretudo, crónica, com mais de 50 por cento. Ou seja, uma em cada duas crianças menores de cinco anos de idade não consegue atingir o seu potencial de crescimento físico, cognitivo e mental. (Esmeraldo Boquisse)