Nampula (IKWELI) – Os moradores da cidade de Nampula, maior e mais importante autarquia do norte do país, se queixam de problemas no transporte público de passageiros, supostamente pela falta de provedores que respondam com a demanda.
Esta situação é mais notória nos bairros de expansão, novas áreas habitacionais que estão surgindo para responder o crescimento demográfico, e com efeito, os seus moradores vem se obrigados a percorrer longas distâncias para alcançar um ponto de “chapa-100”.
Os bairros de Muhala – Expansão, Muahivire Expansão, Murrapaniua – Expansão, Nampaco, bairro Novo, Piloto, Natikiri, Muthita, Marrere e Napipine são os que mais enfrentam dificuldades no acesso ao transporte semi-colectivo de pessoas e bens. Igualmente, os bairros com problemas de vias de acesso, devido a construções desordenadas, como Mutauanha, Carrupeia, Murrapaniua, Namutequeliua, Namicopo, Muatala e Napipine passam pelo mesmo problema.
No bairro de Mutauanha, um líder comunitário local, Fernando Cachama, disse ao Ikweli que a situação é complexa e que a mobilidades dos moradores é difícil.
“Felizmente, nós temos zonas, minimamente, transitáveis em Mutauanha, mas nota-se que ainda enfrentamos problemas da falta de transporte, não sei o que, exactamente, está a acontecer, se é mesmo por existir uma estrada definida para a circulação. Embora verifica-se a degradação de algumas vias, pelo menos teríamos um e outro chapa-100 a circular”, disse a fonte.
Cristina Ramusseque, cidadã entrevistada pelo Ikweli na unidade comunal de Muthita, posto administrativo de Muatala, conta os episódios que tem vivido por falta de transporte. Várias vezes ela acorda de madrugada para se preparar e ir caminhando até a paragem de chapa-100 que fica nas imediações da Escola Secundária de Muatala, percorrendo uma distância de mais de dois quilómetros.
Outra dificuldade que as mulheres enfrentam no acesso deficitário dos transportes semi-colectivos, de acordo com a cidadã Cristina, é quando se trata de um doente, no caso particular as mulheres grávidas. Apenas sentem-se pouco aliviadas quando solicitam um operador de táxi moto, onde as cobranças rondam entre 20,00Mt (vinte meticais) a 50,00Mt (cinquenta meticais).
“Pelas manhãs nós saímos das nossas casas caminhando até no cruzamento da Subestação ou mesmo na Escola Secundária de Nampula para apanhar chapa. Há vezes que na nossa zona, em Muatala, os chapeiros chegam até ao posto administrativo de Muatala apenas no período da manhã, depois das 08:00 horas eles nem voltam mais, as pessoas têm de caminhar para conseguir carro”, informou Cristina, para quem pede apoio de quem é de direito para criar condições de modo que o transporte chegue até aos postos administrativos desta autarquia.
À semelhança dos moradores do bairro de Mutauanha, no posto administrativo de Namicopo, zona residencial de Namiepe, o Ikweli encontrou Juma Ramadane que, em entrevista, disse ser importante a disponibilização de serviços públicos para os munícipes, no caso concreto de transportes.
Segundo Juma, em Namiepe nota-se, por algumas vezes, a circulação de chapa-100, sobretudo, os que levam produtos de primeira necessidade para fins de comercialização nos pequenos mercados daquela área. “Aqui em Namiepe conseguimos algumas vezes transporte, mas a verdade é que enfrentamos dificuldades, primeiro porque os chapeiros não se fazem a esta zona frequentemente, depois o movimento de clientes não é dos melhores, talvez seja por isso que eles não aparecem”.
Da zona residencial de Elipse, no posto administrativo de Muhala, encontramos Kátia Artur que afirma ser o desafio do dia-a-dia, o acesso ao transporte, uma vez que muitos percorrem longas distâncias para o efeito.
A fonte olha os operadores de táxi-moto como um alívio para a população. Contudo, aos que não têm condições monetárias para tomar este meio de transporte (táxi moto), sublinha ser uma “desgraça”, porque essas pessoas não têm alternativas, senão caminhar até a estrada principal para tomar o chapas-100. (Esmeraldo Boquisse)