Nampula (IKWELI) – Um recém-nascido do sexo feminino foi encontrado sem vida, na manhã da última terça-feira (04), numa lixeira próxima de um cemitério na unidade comunal 7 de Setembro, no bairro de Mutauanha, posto administrativo de Muatala, na cidade de Nampula.
A triste situação, que chocou os moradores e os que se fizeram ao local para recolher informações, foi descoberta por um grupo de menores de idade que procuravam sacos na lixeira do cemitério localizado na zona residencial do Ntotha.
De acordo com os residentes do bairro, trata-se de uma recém-nascida que foi colocada num vaso de galão de cinco litros e abandonada na lixeira, entre o cemitério e o pequeno riacho que separa as unidades comunais 7 de Setembro e Piloto.
“Encontramo-nos tristes e preocupados porque nesta manhã, quando eram aproximadamente 11 horas, vimos algumas crianças a virarem e revirarem os sacos plásticos nesta lixeira, da maneira que fazia isso chamou-nos atenção porque nem eles sabiam o que era, apenas viam sangue e uma coisa enrolada. Dai, aproximamos, antes pensamos que era um cão morto, mas afinal de contas, tratava-se de um ser humano. Aquela criança vinha num penico de galão de cinco litros e deitaram no lixo”, disse Cortélia Cachimo, residente no bairro de Mutauanha.
Cortélia Cachimo que disse não saber as circunstâncias em que a recém-nascida chegou ao local, conta ao nosso repórter que “no momento em que se aperceberam do incidente, a recém-nascida estava em vida, presume-se que devido aos raios solares acabou morrendo. Aquela criança tem unhas e cabelo”.
Teresa Imora, outra moradora entrevistada pelo Ikweli, conta a mesma versão da Cortélia e sublinha ser a primeira vez que são surpreendidos por este acontecimento, naquele bairro. De acordo com ela, é preciso que se trabalhe para conhecer quem é a pessoa que fez isso e de seguida responsabilizá-la pelo acto cometido.
“Nós pedimos que se trabalhe bastante para sabermos quem matou aquele ser humano. É preciso responsabilizar para evitarmos que casos do género voltem a acontecer aqui no bairro, e no mundo em geral. Este comportamento não é digno de ser exibido na nossa sociedade. Queremos justiça”, pediu Teresa Imora, para quem diz ser um comportamento que envergonha as mulheres.
“Eu tomei conhecimento disso através da minha esposa, quando eram 11 horas. Quando me fiz ao local, na verdade deparei-me com essa situação de uma criança morta e abandonada na lixeira. Daquilo que ouvi é que foi um grupo de menores que descobriu quando eles procuravam sacos, latas e plásticos”, disse Fernando Cachama, líder comunitário da circunscrição, para depois avançar que “quando tomei conhecimento, fiz questão de comunicar às autoridades policiais mais próximas no sentido de se fazer a remoção do corpo e avançar-se para os trabalhos de investigação”.
À semelhança do senhor Cachama, Francisco Rogério, líder tradicional do bairro de Mutauanha, o conhecido Ntotha afirma que não se pode tolerar essa atitude. Para ele, o lixo acumulado nas imediações do cemitério local, também, contribui para que as pessoas de má-fé usem o espaço para abandonarem tudo que acharem impuro.
“Aqui tem dois lugares onde existe um entulho de lixo, algumas campas já não existem. No entanto, quando as coisas são assim, há pessoas que aproveitam, até pode alguém se esconder aqui e ninguém perceber. Estamos mal. Como líder deste bairro, apelo às mulheres a não pautarem por este comportamento, e aos homens, não aconselhem às suas parceiras para matar menores”, concluiu Francisco Rogério. (Texto: Esmeraldo Boquisse *Foto: Hermínio Raja)