Médicos tradicionais reivindicam subsídio de 7 anos em Nampula

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Nampula (IKWELI) – Os membros da Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO), em Nampula, mostram-se agastados com as autoridades de saúde nesta parcela do país, devido a falta de remuneração pelos serviços que vem sendo prestado a este sector desde 2014.

São médicos que, segundo apuramos, desde 2014, foram convidados pelo sector de saúde a colaborarem nos processos de sensibilização das comunidades a aderirem a medicina convencional visto que, nos tempos que lá se foram, a população depositava maior confiança pelos tratamentos tradicionais para curar suas enfermidades. Nos dias que correm, com a directa colaborarão dos fazedores da medicina tradicional, o cenário tende a mudar, as pessoas passaram a olhar o hospital como um local de manutenção da saúde.

Segundo apuramos, de lá para cá, os médicos tradicionais, sobretudo membros da AMETRAMO, para além de simples palestras nas comunidades, estão lado a lado com os profissionais de saúde nas unidades sanitárias por onde exercem diversas tarefas, contribuindo assim no seu normal funcionamento. Aliás, estima-se que em cada unidade sanitária da província, existam pelo menos sete médicos tradicionais, mas a falta de incentivo por parte de quem de direito, constitui um ataque indirecto dos visados.

“O nosso trabalho é promover palestras nos bairros, nos distritos para explicar as populações sobre as diversas enfermidades, como a malária, e a importância de optares pelos centros de saúde que outras vias. Nós da AMETRAMO, estamos há sete anos a colaborar com os serviços da saúde”, refere Uazir António, um dos membros da AMETRAMO afecto no Centro de Saúde 1º de Maio, na cidade de Nampula.

“Nós trabalhamos em estreita colaboração com a saúde através dos hospitais, por isso quase todas as unidades sanitárias existem os médicos tradicionais e, quando há qualquer evento nas comunidades, também, trabalhamos ao lado da saúde, somos comunicados a fazermos parte, só que a grande nossa preocupação é de que, apesar dessa nossa livre colaboração, desde que começamos a trabalhar, há sete (7) anos, nunca fomos pagos e nunca encontramos resposta sobre as razões disso”, prosseguiu a fonte.

Segundo acrescentou Uazir, “nós fizemos parte do comité de congestão, que controla os medicamentos quando são trazidos, através de registos, controlar o tipo de atendimento dos profissionais de saúde porque, como se sabe, existem aqueles profissionais que ao invés de atender bem os pacientes comportam-se de maneira desumana, para além dos outros que não valorizam o próprio trabalho, falo de um profissional que no lugar de atender as pessoas está muito tempo no telefone, então, a nossa presença faz com que esses actos não aconteçam, nós servimos de fiscalizadores”, disse acrescentando que, “por aquilo que fizemos, desde as palestras, nós gostaríamos que fossemos pagos alguma coisa. Eu por exemplo estou no centro de saúde 1º de Maio e trabalho na farmácia, ajudo na colocação dos medicamentos nos plásticos para os pacientes, outras colegas estão na área de peso e lá, elas garantem a limpeza assim como controlar a crianças gravemente doentes que é para terem acesso ao atendimento imediato”.

O nosso interlocutor deu a conhecer que “em 2019 fomos orientados para tratarmos NUIT (Número Único de Identificação Tributária), NIB (Número de Identificação Bancária), e todos esses documentos nós tratamos e entregamos, mas até neste momento, não vimos nada”, lamentou.

Elisa Abibo é outra praticante da medicina tradicional que sente lesada com a “mão-de-obra parada” incentivada pelo sector de saúde. Aliás, para ela “no início sentíamos que as coisas estavam a correr muito bem porque a doutora Amina que trabalhava connosco valorizava muito o nosso trabalho, mas desde que ela saiu as coisas vieram se tornar mais complicadas. Naquele tempo, nos meses de Ramadão como este, ela dava alguma coisa para quebrarmos o jejum, mas com a saída dela, isso não se verifica, nenhum apoio vimos, nem aquelas capacitações não acontecem, apenas estamos a trabalhar nos hospitais sem vermos algo”, referiu.

“Já levamos essa nossa preocupação ao nosso presidente da AMETRAMO, mas ele encorajou-nos a continuarmos com o trabalho na esperança de dias melhores. Seria bom que recebêssemos porque muito tempo estamos ali no hospital e há muitas coisas que perdemos nas nossas residências. O tempo que estamos aqui no hospital estaríamos em casa a cuidar dos doentes que procuram pelos nossos serviços, entramos de manhã e saímos as 15 horas, altura em que outros funcionários largam, por isso estamos a enfrentar muito sofrimento no nosso dia-a-dia, acabamos dependendo de esmolas aos terceiros lá no bairro”, precisou a nossa interlocutora.

“O meu maior pedido é que sejamos considerados porque para irmos até no hospital fomos encaminhados. Nós não temos outra confiança senão esses chefes, por isso reitero para que não sejamos esquecidos porque eles são nossa esperança. Entramos desde 2015, por isso olhando todo este período, pedimos ajuda porque nós temos filhos que estudam e que esperam por nós mesmos. Estamos mal, mesmo seja sabão, sabemos que não fomos obrigados, mas uma pequena ajuda era necessária para nós, esse é o principal pedido”, disse Laura António, outra médica tradicional.

Até o fecho desta matéria, as autoridades de saúde na província mais populosa de Moçambique, ainda não se pronunciaram sobre esse assunto. Porem, na tentativa de ouvir a liderança da AMETRAMO, resultou num insucesso. (Constantino Henriques)

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