Nampula (IKWELI) – O presidente do partido Acção do Movimento Unido para Salvação Integral (AMUSI), Mário Albino, diz que a escassez de alimentos que se assiste, desde finais do primeiro semestre do ano passado, um pouco por toda a província de Nampula, pode ter sido provocada, também, pelas fábricas de cervejas cuja matéria-prima é a mandioca e o milho, considerados alimentos básicos das populações desta parcela moçambicana.
“Os nossos irmãos, no lugar de raspar a mandioca e conservar, de maneira mais aliciante, recolhem a mandioca antes da sua própria fase de colheita e alimentam as fábricas de cerveja”, começou por observar Mário Albino.
O político fez estes pronunciamentos durante a sua primeira aparição pública no corrente ano de 2021. Albino foi o candidato presidencial menos votado das últimas eleições realizadas no país.
“As mensagens mais fortes que encontramos é de que a população se queixa da pobreza absoluta, ao nível do país, e olhando aquilo que é a zona norte, a fome está a matar. No distrito de Muecate, concretamente na zona do Grácio, perdemos 35 cidadãos, para não falarmos do caso de Monapo, Memba, distrito de Ribáuè, então este é um assunto que inquietou o partido e não só”, referiu o político.
“O posicionamento do AMUSI face a esta situação, primeiro, repreendemos o sistema de governação porque, como sabem, Nampula nós produzimos muito, mas, por causa da questão de tantas fábricas de cerveja que nos assaltaram, a mandioca é recolhida e vendida a essas empresas, no lugar de ser processada para o consumo”, reiterou, acrescentando que “nós acreditamos que essas fábricas não têm aquilo que chamamos responsabilidade social em termos de custos ou apoio nessas zonas onde estão instaladas”.
A falta de assistência humanitária às famílias afectadas pela fome, sobretudo por parte do governo, é outra componente que inquieta o AMUSI. “Também, criticamos as entidades governamentais, porque nós assistimos noutras regiões quando há fome e quando há falta, até de água, vão lá camiões para dar alimentação às comunidades, e nós estamos em Nampula onde as pessoas estão a morrer de fome e assistimos dirigentes a dizerem que Nampula não há fome. Não só a questão da fome que assola a zona norte, para as pessoas que testam positivo para a covid-19, a atenção do governo não tem sido pontual”, salientou.
O apelo do presidente do AMUSI, numa altura em que se avizinha o período de colheita, é no sentido de que “os agricultores devem ser mais atenciosos, porque na hora de colheita, na verdade, os preços que aparecem são aliciantes e a população deve-se precaver, primeiro para ter uma reserva, mas também, acreditamos que com a pobreza absoluta vai ser difícil, a não ser que o governo lhes ajude. Portanto, o governo poderá financiar as pessoas para ter uma produção um pouco mais alargada e, de seguida, poderá obrigar as indústrias de cerveja a ter a sua própria machamba e a não assaltar aquilo que é a produção das populações”, precisou a fonte.
Refira-se que, os pronunciamentos de Mário Albino, acontecem numa altura em que o Presidente da República, Filipe Nyusi, inaugurou uma fábrica de cerveja, construída de raiz na província de Maputo. (Constantino Henriques)