Nampula (IKWELI) – Através dos Serviços Distritais de Saúde, Mulher e Acção Social (SDSMAS), o governo do distrito de Nampula, no norte do país, mostra-se preocupado com a onda de desinformação e mitos em torno da vacina da covid-19, largamente propalados nas redes sociais e nas comunidades, em geral.
De acordo com Abílio Cutimba, Responsável de Educação e Comunicação nos SDSMAS de Nampula, a situação é preocupante, numa altura em que os esforços seriam de informar correctamente a população.
“Nas redes sociais e nas comunidades há uma série de informações falsas sobre a vacina para imunização do coronavírus”, disse Cutimba, prosseguindo que “nas redes sociais há pessoas que têm a tendência de escrever um artigo e expor como se fizesse uma investigação científica”.
Esta fonte reconhece que “a população que não tem meios de comunicação suficientes para dar a informação verdadeira”, por isso “são as que mais estão vulneráveis na desinformação”.
Este responsável apela para que se adira a vacinação, seguindo-se o plano nacional, no sentido de ser ter menos casos. “Já tivemos várias outras pandemias e conseguimos controlar porque fizemos campanhas de vacinação. Hoje estamos a falar da covid-19 e não sabemos como essa doença irá se manifestar nos próximos anos. Estamos agora a ver a variante 1, a variante 2, a variante brasileira, sul africana entre outros. Isso nos preocupa, por isso é importante que vacinemos”.
Por outro lado, este nosso interlocutor disse que não basta falar das medidas de prevenção se não estiverem a ser usadas, corretamente, nas comunidades, e não se alimentar das informações chaves e credíveis para o combate a essa doença viral. “As pessoas que tem a covid-19, e estão em tratamento, devem esperar melhorar para depois vacinar. As mulheres grávidas, pessoas acamadas por conta de outras doenças são as que não devem receber a vacina, enquanto não estarem em condições de receber, mas as restantes pessoas podem sim vacinar, claro que cada organismo reage da sua maneira, e podem ter tontura ou mal-estar, mas há que lembrar que não tem sido algo grave que podemos considerar fatal, por isso vamos vacinar”.
Para entender, o nível de percepção sobre a vacina da covid-19, o Ikweli foi a algumas comunidades para entrevistar algumas pessoas, e notamos que, na verdade, as pessoas estão mesmo desinformadas.
A percepção popular é de que a vacinação tem, em vista, aumentar o número de casos e dizimar os africanos, tal como nos disse o produtor Osvaldo Mutete, do posto administrativo de Anchilo.
“Como nós africanos somos abençoados não estamos a morrer em massa como em outros continentes”, disse este cidadão, que acredita que “inventarem essa vacina para todos estarmos contaminados”.
Por fim, entrevistamos a senhora Júlia Massicate, na mesma circunscrição, que revelou que “sou uma doente crônica de tuberculose e tive a informação com os líderes comunitários que devemos ir vacinar, mas eu temo que essa vacina me crie outros problemas de saúde, por isso prefiro não ariscar”. (Elisabeth José)