Nampula (IKWELI) – O director da Agricultura e Pescas de Nampula, Ernesto Joel Pacule, desmente os rumores sobre a eclosão de fome que assola a população de alguns distritos da província mais populosa do país, causada pela fraca produção agrícola em consequência da escassez de chuvas durante a primeira época da presente campanha agrícola.
Para este dirigente, esta situação é recorrente e neste período acontece em todos os anos, ainda que os registos oficiais não tratem o assunto como sendo cíclico.
Os distritos de Monapo e Muecate são os que, actualmente, apresentam situações críticas de fome, e há até o registo de mortes, ainda que oficialmente não se assuma. O capim e tubérculos venenosos tem sido o recurso para aguentar a fome.
Falando a margem da Vª Sessão Ordinária do Conselho Executivo Provincial, Pacule, descomovido com a situação da população, entende que isto não deve ser motivo de alarme, porque aos seus olhos a província dispõe de produtos alimentares.
“Os níveis de produção do ano passado davam a entender que as nossas famílias teriam reservas suficientes para superar o ano de uma forma geral, mas devido a estiagem verificada nos meses de Outubro e Novembro a província sofreu porque não choveu, ressentiu que as famílias sofreram perdas de áreas de cultivo, uma vez que semearam e não choveu e, consequentemente, teríamos um período transitório em termos de produção, porque estamos a iniciar uma nova campanha e ao mesmo tempo estamos a acabar os excedentes da campanha anterior”, disse esta fonte.
De forma insistente, a fonte convencesse que “a província de Nampula está bem, em todas as lojas e armazéns tem farinha, milho, arroz, açúcar, entre outros produtos de primeira necessidade, mas a maior parte da nossa população não tem poder de aquisição desses produtos. Agora estamos a dizer que as reservas nas famílias é que escassearam nestes períodos. Todos os anos as famílias passam por isto. Repito, todos os anos há este problema de menos uma refeição para a passagem deste período”, por isso prossegue que “estamos a falar das reservas alimentares das famílias, não estamos a falar de reservas alimentar da província porque a província de Nampula tem reservas alimentares suficientes e estão disponíveis a nível da cidade de Nampula, sede dos distritos, postos administrativos, localidades até as feiras, o que significa que existe comida suficiente para a satisfação das necessidades básicas da população”.
Quando questionado de forma insistente em relação a possível eclosão de fome que assolou algumas famílias, o governante reagiu nos seguintes termos: “estamos a crer que dentro das comunidades possam existir uma e outras famílias sem reservas suficientes para suportar o período de transição, então com este paradigma não podemos dizer que aqui temos problemas de fome, mas sim problemas de insegurança alimentar e que as famílias procuram formas de sobreviver”. Aliás, avançou que “com as poucas chuvas que vinham caindo de forma extemporânea a nível das comunidades, algumas famílias foram superando. É certo que houve momentos críticos de grandes precipitações, mas estamos a dizer que nos meses de Fevereiro e Março está a chover normalmente e a nossa situação melhorou consideravelmente. Portanto, de uma forma geral referimos que a província está com uma situação de segurança alimentar e reconhecemos que algumas famílias possam ter situações de insegurança alimentar”.
Outrossim, de forma pretensiosa o director Pacule respondeu ao Ikweli quando questionado sobre as zonas mais críticas da insegurança alimentar ao referir que “eu fiz uma retrospectiva e fui muito claro, não falei de regiões, falei de uma forma geral. A situação que está a se viver, neste momento, é que toda a província está numa situação crítica, mas não é o que eu falei, eu disse algumas zonas e essas zonas podem ser Malema, Ribáuè, etc., dentro das nossas comunidades uma e outras famílias podem ter problemas de insegurança alimentar, é isso que eu estou a dizer. Não temos uma zona crítica para dizer que se está a morrer, há problemas sérios de desnutrição crónica e as famílias estão a morrer, não existe nada disso”.
Num outro desenvolvimento e para aliviar o sofrimento das famílias afectadas pela situação, o director provincial da Agricultura e Pescas fez saber que o sector que dirige está a distribuir ramas de batata-doce, feijões e estacas de mandioca. Até a este momento já fez a distribuição de cerca de 36.603 (trinta e seis mil e seiscentos e três) quilogramas de ramas de batata-doce para os distritos de Muecate, Meconta e Monapo como também 20.000 (vinte mil) estacas de mandioca, isto a nível das comunidades.
“Esses produtos não é para distribuir para as famílias, é para mandar em campos de multiplicação das estacas para que não tenhamos problemas cíclicos de falta de material vegetativo nestes distritos. Portanto, no dia em que teremos situações graves de fome todos vão saber que a final de contas a situação é mesmo grave, não é neste momento que se pode afirmar”, concluiu. (Esmeraldo Boquisse)