Nampula (IKWELI) – Iniciou na manhã desta terça-feira (16), na cidade de Nampula, o pagamento de salários em atraso, horas extras e indemnizações aos 566 ex-trabalhadores da extinta empresa Avícola EE, encerrada há mais de trinta anos em consequência do advento da economia de mercados e da privatização de empresas estatais no país.
Segundo os factos do enredo, o processo que durou perto de 30 anos só teve sucesso pela persistência dos ex-trabalhadores que sempre manifestaram pela reparação do direito em causa.
O acto simbólico do início do processo mobilizou o Secretário de Estado da província de Nampula, Mety Gondola, que se deslocou ao recinto dos Serviços Provinciais de Actividades Económicas a fim de testemunhar.
A senhora Maria Isabel Juvêncio Vocieque foi a primeira ex-trabalhadora a receber um cheque compensatório no valor nominal de 84.000,00Mt (oitenta e quatro mil meticais). Satisfeita, pelos olhos (pelo uso da máscara não foi possível contemplar o sorriso) e sem direito a palavra, recebeu o pagamento das mãos de Mety Gondola.
Jaime Chissico, director dos Serviços Provinciais de Actividades Económicas de Nampula, foi o primeiro governante a usar da palavra na ocasião, aliás foi ele que, por várias vezes, viu-se impedido de aceder ao seu gabinete de trabalho por este grupo de ex-trabalhadores vedaram o acesso ao local.
“De forma estruturada, estes nossos colegas tem estado a reivindicar os seus direitos desde 2006. No entanto, carecia de algum comprovativo na medida em que estamos a falar de uma reivindicação que, inicialmente, era de 566 ex-trabalhadores que revindicavam todos estes direitos que depois da privatização da empresa e da falência da empresa eles tinham o direito de receber”, disse Chissico, reconhecendo que “de forma recorrente recebíamos estas reclamações. No entanto, no dia 19 de Novembro de 2018 iniciaram com manifestações de forma ininterrupta. Essas manifestações duraram mais de um ano”.
Para pôr termo a situação, segundo a fonte “em 2019, num período de 15 dias, uma equipa do nível trabalhou ao nível da província e averiguou mais factores no sentido de apurar quem, de facto, tem o direito de ter essas indemnizações. Tínhamos um total de 566 trabalhadores, no entanto, apenas 75 é que tinham algum comprovativo e esse comprovativo era, basicamente, as provas que pagavam o seguro. Nós ao nível da província solicitamos a intervenção da Procuradoria Provincial para nós ajudar neste caso, e a Procuradoria orientou ao Ministério da Economia e Finanças para poder pagar todos os trabalhadores”.
Na sua vez, Mety Gondola, com pouco palavras como não é o habitual, começou por “agradecer a paciência que tiveram e pedir desculpas por todo o transtorno que terá sido causado nas vossas vidas”.
Por outro lado, o Secretário de Estado da província de Nampula, comentou que “é um dia especial para nós, porque damos ao início do encerramento de um processo que foi bastante complexo. Um processo que afectou a vida de muitas pessoas, afectou famílias”.
Ainda assim, não se dignou satisfeito pelo tempo da demora no pagamento destes ordenados, porque para ele “é um exercício que todos nós, a partida, devíamos ter conseguido resolver com muita antecedência.
“Nós temos pais, temos mães, temos famílias, temos filhos, crianças que a morosidade desse processo foi afectando. Temos crianças que os seus sonhos, a sua esperança, o seu futuro, infelizmente, foi afectado por esse processo”, reconheceu, concluindo esta fonte. (Aunício da Silva *Foto: Ikweli)