Nampula (IKWELI) – As obras de reabilitação e colocação da relva sintética no campo do Ferroviário de Nacala, no bairro de Mathapue, nos arredores do maior entreposto comercial do norte de Moçambique, estão na sua fase conclusiva.
Com a conclusão das respectivas obras, põe-se o fim de um ciclo de dependência de recintos desportivos de outros emblemas da província, destacadamente o campo da Bela Vista, propriedade do vizinho e eterno rival, Clube Desportivo de Nacala, bem como o Estádio 25 de Junho, pertencente ao Ferroviário de Nampula, no qual para ter acesso via-se obrigado a percorrer uma distância acumulada não inferior a quatrocentos quilómetros (400km), a cada dia de treinos ou de jogo.
Segundo apuramos, este ano, com a elevação dos índices de desentendimento entre o Desportivo e o Ferroviário, ambos de Nacala, não foi possível chegar-se a um acordo para a utilização do campo da Bela Vista, na altura o único recinto desportivo da zona económica especial em condições de acolher as partidas do campeonato nacional de futebol sénior masculino, o Moçambola. Sendo por isso, as primeiras jornadas da prova, a equipa orientada pelo mister Antero Cambaco, ter realizado na cidade de Nampula.
Por limitações de ter que percorrer a distância que separa as duas cidades (Nacala e Nampula), todos os dias, a equipa principal do Ferroviário de Nacala viu-se, também, na obrigação de recorrer a praias locais, vezes sem conta, para a realização dos seus treinos, mesmo contra a vontade da equipa técnica chefiada por Antero Cambaco.
Aliás, um vídeo publicado nas redes sociais pela turma locomotiva de Nacala, mostra o quão é o alívio da colectividade com a concretização do arrelvamento do respectivo campo. Recorrendo a música do renomado artista nampulense, Marcelo M2, no fundo do referido vídeo, a turma locomotiva de Nacala desabafou que “se você ser pobre tudo se torna complicado, nem emprego, nem casar, nem estudar você tem direito”.
Recorde-se, nas quatro primeiras jornadas do Moçambola deste ano, o Ferroviário de Nacala conseguiu uma vitória diante de Matchedje de Mocuba (1-0), um empate frente ao Ferroviário de Maputo (0-0), duas derrotas diante de ENH de Vilankulos (4-1) e União Desportiva de Songo (2-3), resultados que lhe valeu o 10º lugar na tabela classificativa. Apesar da prestação não ser negativa, quando comparadas com outras agremiações do campeonato, a equipa técnica considerou na ocasião que se as condições de trabalho fossem favoráveis, os resultados desportivos seriam ainda encorajadores.
Hoje, treinando na sua própria casa, no bairro de Mathapue, o Ferroviário de Nacala apenas espera pelo anúncio da data para o regresso do Moçambola para mostrar o verdadeiro sentido das metodologias de trabalho do jovem treinador, Antero Cambaco.
“O clube acaba por fechar a boca para não ter espaço para reclamação, a nível de campo, tenho um campo em condições de medidas que sempre reclamei que não conseguia treinar da melhor forma. O campo favorece, tem melhores condições para a prática do futebol, há que elevar os níveis daquilo que a equipa teve no seu início do campeonato, portanto, o campo não há outra justificação senão trabalhar”, disse Antero Cambaco, treinador do Ferroviário de Nacala, em declarações a televisão pública. (Constantino Henriques)