E como será o “after party” do lançamento do teu livro Juma Aiuba?

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Em Março de 2016, numa dessas tardes de sábado quente em Maputo, um amigo alertou-me sobre a necessidade de adicionar a minha lista de amigos no Facebook um tal de Juma Aiuba que escrevia uns textos interessantes e bastante divertidos sobre os temas contemporâneos de Moçambique, “ele é jornalista e escreve bem”, disse-me. Dia seguinte, tratei de procurar por esse perfil no Facebook e adicioná-lo, li quatro de seus textos.

Uma semana depois, voltei a cruzar com o amigo e confirmei-lhe que havia lido e que os seus textos remetiam-me a dois livros clássicos, “O Elogio a Loucura” de Erasmo de Roterdão e “O Filósofo Ignorante” de Voltaire e acrescentei que era interessante ver os problemas do país discutidos com recurso a um estilo de escrita que havia entrado praticamente em desuso.

Em Agosto do mesmo ano realizamos o “Festival Fim do Caminho” e levamos a Nampula alguns escritores, entre os quais, Paulina Chiziane que deu uma palestra na Biblioteca Provincial Marcelino dos Santos. E Juma esteve lá, como também esteve em vários outros eventos literários que organizamos na nossa cidade.

Conhecemo-nos e nos tornamos muito rapidamente próximos. Falávamos da filosofia clássica, das nossas frustrações com a falta de liberdade criativa, falávamos do quão elegante era a ideia de viver fisicamente em Nampula, mas virtualmente no mundo (como o meu ídolo Aunício da Silva), contávamo-nos estórias e histórias da Maganja da Cosa e de Memba, riamos e bebíamos. Aliás, ainda falta aquele pedido de desculpas no Bagdad naquele dia que saímos enquanto ainda queríamos beber, mas precisávamos de descansar e o Arlindo Fidalgo tinha emissão de rádio por fazer no dia seguinte.

No final do ano passado, planeamos voos mais grandes. Os perfis de programa de rádio que eu devia desenhar para apoiar os camponeses a lutar pelos seus direitos, especialmente diante de interesses de corporações que pretendiam tirar-lhes a terra; a compilação das crónicas que fariam parte do teu livro, uma pressão que já recebias de todos os lados e o projecto do storytelling que estávamos a preparar com o Zito Ossumane por agitação do Adelson Rafael.

E como brincando, também, se trabalha, eu sempre dizia gabando-me que pela experiência editorial que tenho não me preocupo com o teu livro, basta selecionares as crónicas e enviares para o meu e-mail, o mesmo estará pronto, a única preocupação que tenha é com o plano de como será o “after party” do lançamento do teu livro. E agora pergunto, como será? O acordo para editar o teu livro foi fechado entre nós no Bagdad com Fidalgo Júnior a servir a fiscal. Como fica o resto? Como fica aquele draft de contracto que ficaste de analisar? Será que sonhamos em vão? Ou já não haverá mais “after party” do lançamento desse livro de crónicas? Será que já não vais a tempo de realizar um dos teus maiores sonhos, o de ver o teu livro nas prateleiras? (Jessemusse Cacinda)

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