Nampula (IKWELI) – A fraca queda de chuvas no distrito de Murrupula, no norte de Moçambique está a concorrer para o surgimento de bolsas de fome naquela circunscrição da província de Nampula, devido a indisponibilidade de alimentos.
Desde os finais do ano passado que, de acordo com informações colhidas pela nossa reportagem no terreno, a população do distrito de Murrupula começou a sentir as repercussões da escassez da chuva, o que fez com que as sementeiras não tivessem sido bem-sucedidas.
Agostinho Carlos, residente no posto sede, descreve a situação actual como sendo crítica, e que os preços dos produtos de primeira necessidade subiram de forma galopante.
“Nós temos uma grande preocupação em relação à fome que nos assola neste ano. Quando nós fazemos o trabalho de sensibilização, em diferentes casas, sentimos por perto o problema sério de fome no seio das famílias, elas não dispõem de produtos para garantir a sua alimentação. O pior de tudo é que não está a chover, do pouco que já lançamos aos campos de cultivo está a apodrecer”, prosseguiu Agostinho Carlos que, também, é um activista social e trabalha como voluntário naquela região.
No povoado de Tiponha, ainda na localidade de Namitotelane, o Ikweli entrevistou o agricultor Alberto Weseriha. Movido pela falta de chuva e o aumento do preço de diversos produtos, Weseriha acredita que pelo menos no primeiro semestre do presente ano, a maior parte da população estará entregue à bolsa de fome, sobretudo, as famílias rurais de baixa renda económica.
Nas zonas mais recônditas do distrito de Murrupula, de acordo com as nossas fontes, actualmente, compram dez quilogramas de milho à 450,00Mt (quatrocentos e cinquenta meticais), o que dificulta a vida da população. E para a população se alimentar algumas famílias recorrem às folhas de mandioqueira e batata-doce para se alimentarem.
“A gente só come quando faz um biscato e conseguimos pouco dinheiro que usamos para comprar farinha de milho, caso não, preparamos ntikwa (folhas de mandioqueira) e comemos todos os dias. Temos ainda dificuldades de acesso à água potável, poucos têm poços nas suas residências e a água disponível é imprópria”, informou Silva António, cidadão residente no povoado de Tiponha, para quem “por causa da nossa alimentação muitas são as vezes que paramos no hospital por problemas de estômago, e quem mais fica exposta a esta fome são as nossas crianças”. (Texto: Esmeraldo Boquisse *Foto: Rádio Encontro)