SERNIC acusada de perseguir Mentes Revolucionárias em Nampula

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Nampula (IKWELI) – Membros e activistas do Movimento Mentes Revolucionárias (MMR), em Nampula, no norte do país, acusam o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) de estar a perseguir e intimidá-los, alegadamente por se ocuparem de injuriar e difamar altos dirigentes do país.

Jojo Ernesto é o presidente do MMR, e ao Ikweli disse que, recentemente, foi solicitado para prestar declarações junto do SERNIC, sob pretexto de estarem a denigrir a imagem do Presidente da República, Filipe Nyusi, actuando nas diversas redes sociais.

“O que tem acontecido comigo é, exactamente, o que acontece com muitos cidadãos moçambicanos que abraçam causas nobres em defesa dos direitos humanos”, aponta Jojo Ernesto, ou simplesmente “JJ”, como ficou patenteado no mundo do activismo.

“O que aconteceu comigo é que, recentemente, fui chamado para depor no SERNIC. Na chamada de uma senhora que recebi dizia que era para falar sobre burlas, diziam na chamada que que eu burlei um cidadão estrangeiro chamado Mamado Dialo, mas eu nunca burlei a ninguém. Então, quando cheguei lá no dia seguinte pesava sobre mim um processo de injúria e difamação contra altas individualidades, em particular na pessoa do Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, encontrei lá o processo e dali começou o interrogatório”, disse em conversa exclusiva ao Ikweli.

Para “JJ”, em Moçambique ainda se vive “aparentemente, numa democracia que ainda ela não está bem estabelecida. As pessoas hoje, ainda, têm dificuldades de interpretar a injúria, difamação, com liberdade de expressão”, daí concluir que o chamamento junto do SERNIC constitui “na verdade, uma intimidação. As pessoas querem calar certas vozes que se levantam contra a má-governação, contra a incompetência, contra a corrupção, contra o rumo que o nosso país está a levar, o nosso país está a ser atrasado. Historicamente, as pessoas estão a atrasar a história do nosso país, o nosso país está a atrasar economicamente em relação a outros com o mesmo período histórico, e nós continuamos na cauda das economias do mundo, isto é inadmissível”.

“Existem alguns países que, absolutamente, não têm nenhum recurso, mas esses países conseguiram sair-se bem, mas, nós temos recursos, temos águas porque chove periodicamente e continuamos nessa situação, ainda assim as pessoas apelam para aceitarmos isso com muita naturalidade, isso é impossível. Nós temos que nos levantar e dizer que o país está mal, as coisas estão andar de qualquer maneira, alguém precisa pôr isto nos carris, isso é porque há uma incompetência dum regime, dum governo que está há 45 anos, que é o governo da Frelimo que não consegue gerir bem este país, e nós temos que dizer que a Frelimo é incompetente, a Frelimo falhou”, continuou, acrescentando que  “a única coisa que nos deu foi a bandeira, as insígnias, o Hino Nacional, mas o resto, o bem-estar não, a dignidade não, a moral não”.

Para Jojo Ernesto, em Moçambique, “existem pessoas neste país sem vergonha na cara, os governantes que nos dirigem roubam votos, roubam o erário público, enriquecem suas famílias e não se envergonham. Quando você não tem vergonha na cara que, porque a vergonha é excelência da moral, tu não tens vergonha na cara e não serves nada, não podes estar em frente de uma nação com trinta milhões de pessoas, aqui então temos um problema da ética. Temos um regime que, eticamente, não pode em nenhum momento deve continuar a servir os interesses dos moçambicanos porque eles falharam por completo”, atacou.

O slogan do MMR é “mudamos tudo ou tudo se repete”, e foi criado em Nampula nos princípios do ano passado, 2020. Segundo o presidente, actualmente, conta com representações em todas as províncias do país.

“O MMR está em progressão e fui chamado, justamente, porque eles notaram que o movimento está em progressão. Hoje o MMR já movimenta massas em qualquer ponto do país, já temos muitos membros em todo o país, jovens sobretudo intelectuais, académicos. Uns estão em processo de formação, outros já são pós-graduados, são pessoas que se identificam com a nossa ideologia política, a nossa visão sobre o país. Quando falamos de oposição não se deve ver apenas os partidos políticos, oposição é todo cidadão que não concorda com a maneira como a Frelimo governa o país”, precisou Jojo Ernesto, reafirmando que o movimento que lidera não almeja fins partidários. “Nós não somos partidários, somos apartidários, mas também somos da oposição, estamos a fazer oposição ao governo, a este regime que não está a dar conta do recado na matéria de governação. Então, a oposição são todos os moçambicanos que não concordam com este sistema e nós estamos unidos para fazermos uma frente e exigirmos mudanças, nós não estamos contra ninguém, nem o Presidente Filipe Nyusi, nem o partido Frelimo. Nós estamos contra o mal, venha de onde vier, é da Renamo, do MDM, qualquer organização, porque nós já somos uma sociedade crescida, uma sociedade que evoluiu, então não há razão para continuarmos a assistir o mal sob olhar impávido, não podemos ainda alimentar a passividade enquanto vivemos com o mal todos os dias”, destacou o nosso interlocutor.

“O assunto (do SERNIC)”, refere a fonte, “ainda não teve desfecho, fui notificado e simplesmente fui apresentar as minhas posições em relação ao interrogatório, fizeram-me muitas perguntas e respondi segundo aquilo que eu acredito e fui dispensado com a garantia de que oportunamente seria novamente chamado, se calhar vai ser tramitado para o tribunal, pode provavelmente haver um mandato de busca e captura sem aviso ou sem nenhuma solicitação, quando o Estado assim compreender epah…, eu estou aqui”.

Apesar das adversidades encontradas no terreno, “JJ” garantiu não desfalecer nas suas actividades de ativismo. “Eu não posso desistir quando um punhado de pessoas tem tudo em nome do Estado, comem de borla, vivem de borla, não pagam energia, não pagam transporte, não pagam absolutamente nada, vivem de borla com os nossos impostos a favor do Estado e eu, simplesmente cruzar braços, eu não vou fazer isso, vou continuar firme e irredutível”, assegurou. (Redação)

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