Nampula (IKWELI) – A situação de abastecimento de água potável a cidade de Nampula, através da barragem estabelecida sobre o rio Monapo, está cada vez mais complexa, sobretudo com as mudanças climáticas que, em maior representação, atinge, negativamente, a ocorrência de precipitação atmosférica.
Nos últimos 10 anos, as chuvas não têm caído com a regularidade necessária, sendo os últimos meses de cada ano, e os primeiros do ano subsequente, os mais críticos.
Nos finais do ano passado de 2020, o Fundo de Investimento e do Património do Abastecimento de Água (FIPAG) convidou a imprensa para, através dela, informar aos consumidores que a situação não é das melhores e que os próximos 20 dias, caso não chova, a situação será crítica demais.
Actualmente, os gestores da barragem estimam em cerca de 0,8 milhões de metros cúbicos do volume de água disponível na barragem do rio Monapo, isto é, cerca de 800.000.000 litros (oitocentos milhões de litros deste precioso líquido).
Entretanto, se continuar a não cair a chuva e for tomada em consideração a capacidade diária de abastecimento situada em 40 mil metros cúbicos, isto é, 40.000.000 litros (quarenta milhões de litros), os munícipes da cidade de Nampula só terão acesso a água potável até o dia 18 de Janeiro de 2021 (20 dias), isso sem ter em conta as condições atmosféricas como o aumento da temperatura que tem influência directa no processo de evaporação.
Para alargar os dias de acesso a água aos munícipes de Nampula, foi encontrada como estratégia por parte dos gestores da barragem, a redução do volume de abastecimento diário para 14 mil metros cúbicos, o equivalente a 14 milhões de litros por dia. A medida caracterizada por restrições severas, vai permitir que a cidade seja fornecida este líquido indispensável aos seres vivos até os próximos 57 dias (até o dia 24 de Fevereiro).
Aliada a esta decisão, o apelo aos munícipes é no sentido de o uso racional da água para os bairros que gozam pelo fornecimento ininterrupto. “Há uso indevido, vimos alguns que lavam os carros com mangueiras, outros que deixam as torneiras abertas, temos que ser sensíveis para poupar essa água que os outros não têm”, disse Carlitos Omar, director regional da Administração Regional de Águas (ARA – Centro e Norte).
Por seu turno, Mateus Forte Saeze, director do Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água (FIPAG), área operacional da cidade de Nampula, garantiu que a instituição que dirige está a levar a cabo alguns trabalhos tendentes a atenuar a crise de água que se assiste na cidade de Nampula.
A fonte faz menção do primeiro cenário, a curto prazo, que consistiu na abertura de cinco furos de água no bairro de Muatala, todos equipados, que se espera que venham aliviar a pressão da rede de água naquela zona residencial, considerada como uma das mais críticas da cidade de Nampula.
Outra actividade refere-se à transferência, dentro de dois dias, da tomba actualmente instalada na Estação de Bombagem dois (EB2) para elevar a pressão da água noutras estações de bombagem da água.
“Também, na quinta do galo tem lá uma bactéria de depósitos plásticos. Temos lá, também, tubagens, estamos esperar só a conexão da rede eléctrica para aliviar a pressão actual”, disse, acrescentando que “temos, também, em Namiteca, numa primeira fase esperávamos que Namiteca não nos desse aquilo que está a nos dar hoje, temos lá 10 furos feitos, até 11 de Janeiro o empreiteiro estará em Nampula com o equipamento hidromecânico, enquanto decorre já os trabalhos da electrificação da linha e a colocação dos PT’s (Postos de Transformação), isso é a curto prazo no sentido de que accionado o Namiteca, na questão de emergência, vai trazer 7000 metros cúbicos dia”.
“O segundo cenário é a médio prazo, porque os resultados encontrados nos ensaios dos furos feitos dão-nos em média 35 metros cúbicos. A direcção decidiu transformar Namiteca num projecto estruturante, dai que está, agora, a se mobilizar investimentos na ordem de 15 milhões de dólares para fazer mais 20 furos que vão agregar mais 13 mil metros cúbicos”, refere Saeze.
“O nosso trabalho não termina por aí, porque a ideia é mesmo encontrar soluções definitivas para o assunto de Nampula. A nossa direcção geral está a trabalhar para encontrar soluções dentre as quais o Mugika que dista há 110 km de Nampula para ver se há condições. Estudo de viabilidade está sendo feito para se encontrar soluções definitivas para Nampula”, concluiu o director do FIPAG em Nampula. (Constantino Henriques)