Nampula (IKWELI) – Entre o ano passado de 2019 a esta parte de 2020, o Hospital Central de Nampula (HCN), no norte de país, refere que submeteu a cirurgia, pelo menos, 10 homens que padeciam do cancro da mama.
A ocorrência do cancro da mama em homens é ainda um fenómeno desconhecido pela população, por isso, em muitos casos, a mesma é negligenciada.
De acordo com o director dos Serviços de Cirurgia I, no HCN, Dr. Dércio Amade, esta situação é preocupante, sobretudo porque os pacientes dão entrada naquela unidade sanitária num estágio avançado da doença.
O cirurgião aponta ainda que os pacientes operados são pessoas com ligações ao sector da saúde e/ou com parentes com conhecimentos em torno, por isso apela uma maior transmissão de informação sobre a doença no seio da comunidade.
“Neste exacto momento, temos uma média de 10 homens operados por conta do cancro de mama entre o ano passado e este ano”, precisou a nossa fonte, reconhecendo ser “verdade que os homens não são tanto quanto as mulheres que sofrem desta doença e se fazem a este hospital, mas também acreditamos que na medida em que passamos as mensagens as pessoas do sexo masculino vão aparecendo nas nossas unidades sanitárias”, por isso “o que acontece é que os homens, infelizmente, aparecem num estado avançado, alguns deles até morrem nas comunidades e os que conseguem ir ao hospital são aqueles que residem na cidade, sobretudo, na zona urbana”.
A não afluência de pessoas de sexo masculino para o rastreio do cancro de mama, segundo o nosso interlocutor, explica-se pela falta de conhecimento transmitido sobre a existência desta doença nos homens, razão pela qual, o sector da saúde em todo o território nacional deve envidar esforços no sentido de informar a comunidade da existência de cancro de mama em homens.
Por outro lado, segundo o director dos Serviços de Cirurgia I no HCN, “estamos numa comunidade cheia de tabus, onde para você explicar que o homem, também, tem mama é um assunto complicado, as pessoas não percebem que ele (homem) tem um tecido glandular embora reduzido quando comparado com o da mulher. Temos ainda de treinar as nossas equipas a nível das unidades sanitárias”.
Para o nosso interlocutor, este é o momento de as autoridades promoverem programas de rastreio porque, segundo ele, são fundamentais para o nosso país. Aliás, faz parte do rastreio a educação para a saúde.
“Temos de começar a adoptar os programas de rastreio que é a partir deles que podemos banir com o preconceito possuído pela população sobre esta doença que, também, afecta os homens. Nós gostaríamos que um dia a informação sobre o cancro de mama nos homens estivesse tão expandida e percebida tal como a malária, onde as pessoas quando têm febre e/ou dores de cabeça suspeita ter malária. Felizmente, o nosso hospital está equipado para assistir os doentes de cancro de mama, sejam eles mulheres assim como homens”, anotou.
Dércio Amade Fernandes deu a conhecer ainda que no nosso país, o cancro da mama acontece mais nas mulheres em relação aos homens, e é o segundo cancro que mais mata sendo o primeiro cancro do colo do útero. Igualmente, para a fonte o cancro da mama quando afecta o homem é mais agressivo, progride de forma rápida em todo o organismo. (Esmeraldo Boquisse)