Nampula (IKWELI) – O Instituto Nacional de Acção Social (INAS), em Nampula, defende que as mães que beneficiam do programa de subsídio da criança, dos 0 aos 2 anos de idade, devem aproveitar, de forma racional, a componente de acompanhamento familiar.
Para a delegada do INAS em Nacala-Porto, Hortência Novela, as mães não se devem focar, exclusivamente, nos valores monetários que recebem no âmbito deste programa, mas sim na componente psicossocial.
O programa de subsídio da criança, implementado pelo INAS com apoio de parceiros, está sendo implementado, ao nível de Nampula, nos distritos de Lalaua, Ilha de Moçambique, Nacala-a-Velha e Mogincual, e beneficia crianças que apresentam altos níveis da desnutrição crónica.
“Não é apenas a parte monetária, como eu dizia. Essa componente deve ser acompanhada pela assistência e sensibilização, no sentido de que as famílias encontrem soluções locais, porque a situação da desnutrição crónica nem sempre se deve a falta de recursos financeiros, mas sim da forma como nos alimentamos. O apoio psicossocial está a mudar a mentalidade das comunidades rumo a um desenvolvimento notável na nossa sociedade. Não só deveria ser nesses quatros distritos, mas sim um pouco por todos os distritos, porque todos eles têm problemas graves de desnutrição crónica”, disse Hortência Novela.
A mesma fonte recomenda a necessidade de explicar as mães, beneficiárias, sobre a necessidade de compreenderem a importância do subsídio, sob risco de terem filhos sem o espaçamento recomendado, como também o surgimento de gravidezes prematuras.
“Para o distrito da Ilha de Moçambique é satisfatória a meta estabelecida. Temos a meta de 4500 crianças, e nesse momento estamos com 2705 crianças e já tivemos um número maior que esse. O distrito de Nacala-a-velha é onde temos maior demanda, olhando para a dimensão do próprio distrito ainda existem muitas crianças que precisam entrar no programa, mas por causa das metas acabaram ficando por fora”, fez saber a nossa fonte.
Os benefícios do programa estão felizes com o apoio que estão a receber. A maioria delas são adolescente, as quais enfrentam dificuldades em prover alimentos para os seus filhos.
“Por mês recebemos 540,00Mt (quinhentos e quarenta meticais). Como somos dados de três em três meses, quando recebo o valor de 1.620,00Mt (mil e seiscentos e vinte meticais) consigo comprar roupa para a criança, leite e guardo outro valor para comprar medicamentos no hospital caso a minha criança esteja doente”, disse a menor Muajija Juma, de 16 anos de idade.
A jovem Fatucha Ancha, de 18 anos de idade, pede para o programa seja estendido para crianças com até 5 anos de idade. “Estamos a pedir que esse programa ajude as nossas crianças até aos 5 anos de idade, porque tem nos ajudado muito”.
“O valor tem sido de 540,00Mt, por mês. Parece pouco, mas eu quero aqui dizer que faz muita diferença nas nossas vidas. Nós, como mães, que não temos o apoio dos nossos parceiros, com o valor garantimos a comida das nossas crianças e o que conseguimos nas nossas andanças serve para outras despesas”, disse a beneficiária Agira Montaze.
Na Ilha de Moçambique, a liderança comunitária local, entende que, também, o programa tem ajudado nas necessidades dos beneficiários.
O senhor José, líder comunitário na Ilha de Moçambique, refere que “notamos uma evolução das crianças, antes andavam sujas, agora andam limpas e saudáveis, porque as mães conseguem dinheiro para alimentar as crianças”.
O programa de subsídio da criança é suportado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF, na sigla inglesa), e segundo dados desta instituição a pretensão é abranger 15.500 crianças de agregados familiares pobres e vulneráveis.
“Para além do dinheiro, mensalmente há outros serviços que temos oferecidos. Um deles é a informação sobre nutrição, os técnicos já foram treinados para, não só, poderem participar no processo de entrega, mas também passar a informação relevante de como essas famílias podem adoptar comportamentos que permitam ter uma nutrição adequada para a criança. A outra componente que, também, tem tido resultados positivos é o seguimento de casos. Por detrás dessas crianças existem outros problemas invisíveis, e com isso já conseguimos identificar menores de idade que estão numa união prematura, e a essas crianças nós tiramos ela de lá e inserimos no ambiente familiar”, precisou Baisamo Juaia, coordenador do UNICEF em Nampula. (Texto: Elisabeth José *Foto: Hermínio Raja)