Nampula (IKWELI) – Um incêndio de grandes proporções, protagonizado por desconhecidos na madrugada de ontem, segunda-feira (28), na Unidade Comunal 18 de Abril, no bairro de Carrupeia, na cidade de Nampula, deixou sem abrigo cerca de 30 (trinta) mulheres trabalhadoras de sexo que tinham os seus “esconderijos” na famosa zona do Axinene.
Segundo apuramos, o estabelecimento que, também, é designado por complexo Selva Humana, para além de acomodar as mulheres trabalhadoras de sexo, a sua maioria proveniente do Malawi e Zimbabwe, servia igualmente para a venda de bebidas alcoólicas e refrigerantes.
Em conformidade com testemunhas no local, o incidente ocorreu por volta das zero horas desta segunda-feira, numa altura em que as ocupantes encontravam – se nos respectivos quartos e, algumas em plena satisfação das vontades dos seus clientes.
“Eu só descobri quando as chamas se faziam sentir lá atrás e, depois daí, sai a correr e fui bater todos os quartos que estavam ocupados. Seguidamente, chamei os meus amigos para tentar apagar o fogo, mas já tinha destruído grande parte da casa pelo que não conseguimos”, contou-nos Veloso Augusto, guarda daquele estabelecimento, acrescentando que “foram solicitados os serviços dos bombeiros, mas só apareceram depois de o fogo ter abrandado”.
Outro morador da zona, que se identificou por Ali, disse que “apercebi-me deste acontecimento lá para as zero horas, na altura estava lá em baixo e só consegui ouvir através dos gritos de socorro das ocupantes dos quartos, então quando perguntei disseram-me que a casa do “Axinene” estava a pegar fogo. Portanto, quando cheguei neste local liguei para os bombeiros e disseram que na altura não estavam disponíveis, eles diziam que estavam no Anchilo e só apareceram as duas horas enquanto tinha sido devastado”.
Aquele nosso interlocutor disse acreditar que o incêndio foi motivado por pessoas de má-fé, e descarta a possibilidade de o fogo ser causado pelo curto-circuito eléctrico.
“Aqui aconteceu este assunto muito triste”, refere uma outra fonte que preferiu identificar-se pelo nome de Justino, trabalhador do bar próximo do complexo Axinene, acrescentando que “foi por volta das zero horas em que começamos a ver este incêndio, e na altura nós estávamos a dormir nos quartos, então acordamos e tentamos apagar o fogo, mas não conseguimos por isso muitas coisas que estavam lá dentro não conseguimos tirar, ficaram queimadas. Ali dentro tinha comida, refrescos, colchões e outras coisas”.
Aliás, Justino disse que “não se trata de circuito porque o incêndio começou de lado de fora. Os bombeiros, também, chegaram aqui, mas era fora da hora, por volta das 3 horas, e o fogo já tinha destruído quase tudo”.
O incidente abalou não só aquelas mulheres, como também os homens que viam aquele local como principal ponto de satisfação dos seus prazeres sexuais. Outrossim, os proprietários do referido complexo falam de perdas que para sua recuperação poderá levar muito tempo.
De acordo com Saíde Rafael Mualeia, gerente do complexo, “foram muitos bens que se estragaram, nomeadamente congeladores, cadeiras, colchões, muito dinheiro e roupa das nossas clientes que são mulheres trabalhadoras de sexo, bebidas e refrescos, incluindo o próprio escritório deste estabelecimento”.
Esta fonte, também, disse acreditar que “o incêndio foi motivado por ódio, porque não faz sentido que depois do incêndio que aconteceu há dias, novamente se volte a registar o mesmo e neste mesmo local”.
Tentamos falar com as senhoras abrangidas por aquele incêndio, mas estas recusaram-se gravar entrevista, no entanto, disseram que o fogo lhes tirou tudo o que tinham conseguido em resultado dos seus trabalhos. (Constantino Henriques e Elisabeth Jose *Fotos: Hermínio Raja)