- No meio de queixas que envolvem assédios sexuais.
Nampula (IKWELI) – Estudantes da delegação do Instituto Politécnico Islâmico de Moçambique (IPIMO), em Nampula, denunciam que foram forçados a retomarem as aulas sem que a instituição tivesse garantido condições de higienização e redução de aglomerados no âmbito da prevenção e combate a covid-19.
As nossas fontes são todas identificadas, mas para a segurança deles, decidimos torná-las em anonimato.
No âmbito do distanciamento mínimo de 2metros estabelecido pelas autoridades sanitárias, com vista a garantir a redução da facilidade de propagação do coronavírus, ficamos a saber que o IPIMO ignora esta medida, chegando a colocar o mínimo de 30 (trinta) estudantes em cada uma das turmas.
Os estudantes defendem que o ideal seria, pelo menos, 20 (vinte) estudantes em cada turma. “Nós não podemos reclamar, porque temos medo de ser escorraçados, eles não estão preocupados com a nossa saúde, mas sim o que lhes interessa são as propinas mensais”, dizem os estudantes, preocupados com a situação.
Igualmente, apuramos que um estudante escapou de uma expulsão, pelo director geral do IPIMO, alegadamente, por ter reivindicado condições de higiene na instituição.
“Ele [director geral do IPIMO] me encontrou a comentar com os meus colegas, na sala de aulas, a cerca do distanciamento físico nas turmas. Foi motivo de ser humilhado na frente dos meus colegas, ele perguntou quem eu era para ir reclamar no instituto, e ainda disse que devia ir para outro estabelecimento que tem condições sofisticadas de prevenção da pandemia da covid-19”, disse um estudante, cuja identidade mantemo-la em sigilo.
O pedido dos estudantes é no sentido de a direcção do IPIMO melhorar as condições de higienização, para evitar que o pior aconteça. “Eles devem pensar se for diagnosticado um caso positivo da covid-19, as aulas poderão estar paralisadas, e assim as mensalidades poderão ser suspensas”.
Outra queixa dos estudantes vem do lado das mulheres, as quais queixam-se de estarem a ser vítimas de assédio sexual protagonizado por docentes em exercício naquele estabelecimento de ensino técnico profissional privado.
Uma estudante que protegemos a sua identidade contou-nos que “no ano passado um formador me assediou e disse que se eu não aceitasse namorar com ele ia excluir na cadeira dele”. Sem alternativa, a jovem aceitou e durante o período de relacionamento concebeu, e quando o docente descobriu lhe obrigou a fazer aborto.
“Eu não tinha como negar, tive medo, por isso não cheguei de contar para meus pais, muito menos a direcção da instituição. Ele me convenceu a fazer o aborto da grávida, preferi terminar a relação amorosa com ele, e como vingança me excluiu na cadeira dele”, contou a nossa fonte.
O director geral do IPIMO, Zalvul Filipe, desvaloriza as queixas dos estudantes, considerando-as de infundadas, porque a instituição que dirige tem vindo a cumprir com as medidas de prevenção da pandemia do novo coronavírus.
A fonte fez saber que existe material de higienização suficiente, nomeadamente baldes com água e sabão em todos os pontos de entrada daquele estabelecimento de ensino. “O desafio do nosso instituto ė o d distanciamento físico, porque não temos espaço suficiente para manter os alunos numa distância de um metro e meio, mas estamos a trabalhar na sensibilização dos mesmos em torno das medidas de prevenção do nosso inimigo que não tem rosto”.
O nosso interlocutor assegurou que a saúde dos formandos está em primeiro lugar naquele estabelecimento de ensino.
No entanto, no que concerne aos assédios sexuais, o nosso entrevistado disse que ė normal num estabelecimento de ensino, por outro lado encoraja as vítimas daquelas práticas a denunciarem, e garante que a identidade das vítimas será protegida. “A ser verdade, nós vamos purificar as nossas fileiras”, concluiu o director geral do IPIMO. (Celestino Manuel)