- Dentre vários serviços oferecidos por este grupo de médicos tradicionais destaca-se o “alargamento do pénis, amor a parte, problemas do pénis, ancas, mamas e problemas financeiros”.
Nampula (IKWELI) – Assinala-se hoje o dia da medicina tradicional africana, no meio da pandemia da covid-19, os praticantes em Nampula queixam-se da proliferação de curandeiros estrangeiros ilegais que tem feito falsas promessas aos pacientes.
O presidente da Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO), em Nampula, Evaristo Gonçalves (popularmente tratado por Dr. Muhano), disse que “nós temos repudiado esse tipo de publicidade que eles estão a fazer, e recomendamos que qualquer estrangeiro não pode fazer a sua publicidade antes de procurar a AMETRAMO para identificarmos de quem se trata, que tipo de trabalho veio fazer”.
Num outro desenvolvimento a fonte referiu que “desde que iniciamos com os nossos trabalhos em 2017, nos deparamos com esse tipo de situação. O que notamos, também, é que essas publicidades são vinculadas nas rádios, quando não deviam sem que, primeiro tivessem garantia do conhecimento da AMETRAMO se a pessoa é identificada ou não”.
A AMETRAMO, actualmente, com 7670 (sete mil e seiscentos e setenta) membros, mostra-se, também, preocupada com a falta de instalações para o funcionário da agremiação, por isso pedem ao governo que os apoie com uma infra-estrutura onde, igualmente, podem estar a trabalhar com a Associação dos Curandeiros de Moçambique e a Associação dos Ervanários de Moçambique.
“Nós temos muitas dificuldades, principalmente a AMETRAMO de Nampula. Não temos sede provincial para o funcionamento da nossa associação, por isso sempre pedimos ao governo para que nos crie condições para que possamos ter uma sede provincial da AMETRAMO. Neste momento, funcionamos nas casas dos nossos membros”, disse o nosso entrevistado.
Outrossim, o Dr. Muhano aponta como preocupação o aumento de praticantes clandestinos da medicina tradicional em Nampula, por isso há trabalhos em curso para identificar os infiltrados que sujam o nome da agremiação. “Os clientes têm reclamado muito. Exemplo, em 2019 vinha um médico tradicional na zona do clube 5, ele roubou 300,000.00MT (três mil meticais) a três cidadãos, porque alegava que sabia reproduzir o dinheiro, e acabou fugindo. Então, nós da AMETRAMO acabamos ficando manchados por uma coisa que não sabíamos. Isso, também, damos culpa aos responsáveis dos bairros, porque temos partilhado informações com eles que quando aparece um estrangeiro, devem recorrer a AMETRAMO para identificar a legalidade da pessoa”.
Nestas celebrações, a AMETRAMO em Nampula aponta várias reclamações, incluindo a venda de medicamentos tradicionais nas ruas com a anuência do conselho autárquico. “Em muitas bancas, são vendidos medicamentos tradicionais, e quando tentamos investigar descobrimos que não são membros da AMETRAMO. Eles vendem com documentos passados pelo Conselho Municipal que dispensa algumas bancas para se exercer aquela actividade. Não poderia ser assim, porque seria a AMETRAMO que poderia investigar e conhecer que tipo de medicamentos estão a vender, porque trata-se de pessoas que vem do estrangeiro”.
Igualmente, o presidente da AMETRAMO em Nampula, aponta que este negócio representa “muitos riscos, porque a informação que os vendedores dão às pessoas, sobre os procedimentos da sua utilização, pode não estar correcta, e ao usar pode provocar muitas reacções. Portanto, se forem os praticantes já reconhecidos, eles sabem administrar quantidade certa aos seus pacientes. Por isso, a culpa que estamos a dar ao Conselho Municipal é de que eles não nos ajudam, deveriam obrigar tais praticantes a exibirem os documentos, devidamente, reconhecidos pela AMETRAMO. Por essa falta de colaboração das autoridades municipais, quando tentamos interagir com esses vendedores acabam não nos dando valor uma vez possuírem documentos do município que não é área deles”.
Os membros da AMETRAMO, também, apresentam as mesmas queixas que as da sua direcção, e segundo a senhora Amina Teófilo, a grande questão tem a ver com o fraco apoio prestado pelo governo aquele grupo.
“O que estamos a ver é de que nós da AMETRAMO não somos considerados pelo governo, mesmo sabendo que, também, somos enfermeiras de primeira qualidade porque, embora não estudamos, nós conseguimos tratar pessoas estragadas, nós conseguimos tirar droga no corpo de uma pessoa, nós conseguimos tirar azar de uma pessoa, mas nós não somos valorizados, por isso estou a pedir ao governo para que passe a nos considerar”.
O presidente da Associação dos Curandeiros de Moçambique (ASCUMO), Língua Ali, aponta a falta de apoio do governo como um dos problemas que a sua agremiação enfrenta. “Quando são questões de campanhas como de pulverização, HIV/SIDA e suplementação da vitamina A, sempre estamos juntos com o governo, mas o que estamos a lamentar, até agora, é o facto de não termos uma sede provincial aqui em Nampula”. (Aunício da Silva e Constantino Henriques)