Nampula (IKWELI) – Dois agentes da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), uma especialidade da Polícia da República de Moçambique (PRM), são indiciados de terem disparado contra um elemento da Polícia Municipal e de Fiscalização da cidade de Nampula, no norte do país.
O crime teve palco na unidade comunal Eduardo Mondlane, no bairro de Nampaco, na madrugada da última terça-feira (28), e os autores protagonizaram, deliberadamente, o disparo que tirou a vida de Selemane Assane, de 40 anos de idade, na presença do seu filho.
Segundo contou o menino de 16 anos, tudo se deu quando o seu pai retornava a casa de carro, pouco depois da 1h de madrugada, e foi interpelado pelos dois agentes da UIR, os quais exigiram que a vítima justificasse a sua procedência.
“Ele [a vítima] já estava no portão de entrada de casa. Eles exigiram ao meu pai que liga-se para alguém da sua residência, como forma de confirmar que vivia ali. Ele ligou para mim e eu fui abri o portão, e quando ele entrou, na tentativa de estacionar o carro, os dois agentes entram no quintal, e perguntaram onde trabalhava, quando ele respondeu que trabalha no município, um deles disse que: são esses bandidos, por isso considere-se como óbito”, contou o menor, visivelmente traumatizado.
Posto isto, segundo a fonte, um dos policiais disparou contra a vítima, tendo-a atingido no peito, e de seguida puseram-se em fuga. De seguida, ainda consciente, o malogrado e o filho saíram, na viatura, em direcção ao Hospital Central de Nampula (HCN), onde veio a perder a vida na entrada do mesmo.
A família da vítima exige que a justiça seja feita, tal como disse ao Ikwelio irmão do malogrado, Sualehe Assane, o qual defende que o seu irmão era um honesto e temente a Deus, por isso dedicava-se a religião.
“Não sabemos a quem confiar, o polícia que foi formado para defender a população, mas em contrapartida ė o mesmo que é inimigo da população. Afinal estamos em que país?”, disse Sualehe Assane.
“Ele disse para mim que já estou morto, cuide dos nossos filhos”, estas foram as últimas palavras que a vítima dirigiu para a sua esposa, segundo a mesma, Júlia Dimas.
O comando provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM), em Nampula, através do chefe do Departamento de Relações Públicas, Dércio Samuel, confirmou a ocorrência ao Ikweli e garantiu que há trabalhos em curso, no sentido de esclarecer o sucedido. (Celestino Manuel)