- Tertuliano Juma, na companhia do vereador Institucional, Cooperação e Desenvolvimento (Chehate Aliasse Essimela) ordenaram a destruição de mais de trinta barracas sem o conhecimento de Paulo Vahanle e ainda mostraram o espaço a compradores somalianos como estando disponível.
Nampula (IKWELI) – O controverso topografo e presidente da Assembleia Autárquica da cidade de Nampula, mais importante centro urbano do norte do país, Tertuliano Juma, é acusado por vendedores do mercado grossista do Waresta de estar a promover a destruição de barracas no espaço em requalificação para a posterior, vender para cidadãos de nacionalidade somaliana.
Segundo denúncias chegadas ao Ikweli, acompanhado pelo novo vereador Institucional, Cooperação e Desenvolvimento (Chehate Aliasse Essimela), Juma dirigiu-se ao referido local, cujos vendedores foram transferidos para o mercado de Natikiri, por forma a dar lugar as obras de requalificação, no âmbito da prevenção da covid-19, e ordenou a demolição de barracas, a sua maioria com bens dos comerciantes no seu interior.
No local, o presidente da Assembleia Autárquica que agiu como se de um membro do executivo municipal se tratasse, foi indicando áreas para a destruição imediata de, pelo menos, mais de 30 barracas de construção convencional. A actividade aconteceu na presença de tais somalianos, que se propõem a construir um centro comercial no espaço onde funciona o mercado grossista do Waresta.
A barraca de Paulo Vahanle, autarca de Nampula, também, não escapou das investidas de Tertuliano Juma. Quando membro da então Assembleia Municipal da Cidade de Nampula, o actual presidente do conselho municipal teve facilidades de adquirir um espaço no mesmo mercado, onde ergueu a sua barraca.
No mercado de Natikiri, local para onde foram transferidos os vendedores do mercado do Waresta, o Ikweli conversou com parte dos cidadãos que perderam electrodomésticos e outros produtos, incluindo mercadorias. Eles estão revoltados com a atitude do presidente da Assembleia Autárquica de Nampula.
“Sabemos que isso não vem do lado do presidente Vahanle. Aquele senhor claro e arrogante da assembleia municipal é que está a mandar destruir nossas barracas para vender aos somalianos”, disse a senhora Melita, vendedeira do mesmo mercado.
De acordo com o representante dos vendedores, Célio Alfredo, a informação dada pela direcção do mercado era de que a retirada deles tinha em vista a requalificação do mesmo, por forma a responder com as medidas de prevenção da covid-19, sobretudo o distanciamento social.
Concordado, segundo a fonte, para a surpresa deles, no dia 5, Tertuliano Juma, acompanhado pelo vereador, dirigiram-se ao mercado do Waresta onde ordenaram a destruição das barracas.
“Queremos que haja justiça. Queremos que sejamos recompensados pelas perdas que tivemos”, exige Alfredo, em nome dos vendedores do mercado do Waresta.
Esta fonte confirmou que, contactado, o presidente Paulo Vahanle não se fez de rogado e mobilizou uma equipa para esclarecer o sucedido.
Vereador “ataca” equipa do Ikweli
Por seu turno, o vereador do pelouro Institucional, Cooperação e Desenvolvimento, Chehate Aliasse Essimela, solicitado, telefonicamente, pelo Ikweli para reagir no contexto do direito a resposta, recomendou a nossa equipa para que se dirigir ao seu gabinete de trabalho.
No local, o vereador, primeiro, começou por atacar verbalmente a nossa equipa, apontando que as denúncias e provas em nosso poder não passavam de fofoca.
Não gravamos a entrevista, mas durante a conversa, o questionamos se acompanhou ou não ao presidente da assembleia autárquica na destruição das barracas e demonstração do espaço ao grupo de somalianos, ao que não negou e nem confirmou, limitando-se apenas em dizer que a informação não passava de uma mentira e que se a publicássemos sentiríamos vergonha com a notícia.
Insistimos ao Chehate Aliasse Essimela se sabia que a acção que levou a cabo constituía anuência da usurpação dos poderes de um órgão executivo por um órgão fiscalizador, ao que, também, fugiu em dar resposta.
Na presença de duas senhoras, que se pressupõem funcionárias da edilidade, perguntamos, insistentemente, a fonte se estava presente no local na data dos factos ou não, mas não quis responder.
Aparentemente sufocado e arrogante, dispensou a nossa equipa de reportagem, subtendo ao porta-voz da instituição para mais esclarecimentos, depois de sucessivos ataques e tentativa de intimidação dos jornalistas do Ikweli.
Todavia, o Ikweli apurou de fontes credíveis na edilidade que o autarca Paulo Vahanle constituiu uma equipa de inquérito para apurar a veracidade dos factos.
Estou de férias
Contactado pelo Ikweli para reagir a estas questões, Tertuliano Juma, apenas limitou-se em dizer que “estou de férias”. Diante da nossa insistência, desligou o celular e não voltou a atender as chamadas subsequentes.
Fontes do Ikweli na assembleia autárquica de Nampula desmentiram que o seu presidente se encontrava de férias, confirmando que o seu pedido de gozo de licença disciplinar deu entrada na edilidade ontem, terça-feira (7), momentos depois de receber a chamada do Ikweli.
Igualmente, Juma gazetou a reunião convocada por Vahanle para compulsar os factos na presença dos lesados. (Aunício da Silva e Sitoi Lutxeque)