- “Se nos perguntarem com os jornalistas, talvez devemos falar que estamos preocupados e o que estamos a fazer, e em relação a quantos temos, etc, esta informação tem que ser partilhada por um único órgão”.
- “Por favor, não abram novas zonas de comunicação”.
- “Focamo-nos no nosso trabalho e deixemos a comunicação ao órgão central”.
Nampula (IKWEL) – O Secretário de Estado da província de Nampula, no norte de Moçambique, Mety Gondola, apelou aos presidentes dos sete Concelhos Autárquicos da província, e os respectivos administradores distritais, a serem sigilosos na partilha de informação sobre a evolução da pandemia do novo coronavírus, nos seus respectivos territórios, deixando apenas ao critério do ministério da Saúde.
Mety Gondola fez estes pronunciamentos, na última terça-feira (26), em dois encontros, separados, que manteve com administradores dos distritos da província e os presidentes dos Conselhos Autárquicos, que tinha como um dos objectivos analisar a situação actual da pandemia do novo coronavírus, e traçar-se estratégias para a mitigação da enfermidade nesta parcela moçambicana.
Nos dois encontros em que o Ikweliesteve presente, os governantes olharam com grande preocupação a situação actual da pandemia do coronavírus ao nível da província. Aliás, até a realização daqueles encontros, Nampula contava com oito casos positivos da covid-19, e um óbito, registados em dois dias.
Nos referidos eventos, os governantes traçaram, como estratégia de prevenção da pandemia, o reforço no cumprimento das medidas constantes no decreto presidencial, que decreta o estado de emergência no território moçambicano, com destaque para o uso obrigatório de máscaras de protecção. Alias, discutiu-se, igualmente, a necessidade de apoiar as pessoas desfavorecidas com a disponibilização de máscaras.
Na sua intervenção, Mety Gondola exortou aos participantes a serem sigilosos na partilha de informação referente, sobretudo, a evolução epidemiológica da covid-19 nos distritos, apontado o ministério de Saúde, como sendo o único órgão indicado para o efeito. “A questão mais importante neste momento, reconhecemos que temos um problema, mas é preciso não deixar que haja pânico, é uma doença. A única diferença é que a velocidade de contágio é exagerada, mas não criemos pânico, nós temos que tranquilizar”, começou por dizer o SdE.
“Por favor, não abram novas zonas de comunicação. Vamos deixar que o órgão central continue a ser a porta de partilha de informação, é o ministério que está a gerir esse processo. Nós podemos, talvez, se nos perguntarem com os jornalistas, falar que estamos preocupados e o que estamos a fazer, em relação a quantos temos, etc., esta informação tem que ser partilhada por um único órgão, para evitar criarmos uma confusão. Focamo-nos no nosso trabalho e deixemos a comunicação ao órgão central”, disse Gondola.
Aquele governante apelou, igualmente, aos administradores e autarcas para que “se têm informação sobre as pessoas que testaram positivo ou não, por favor não partilhem. Protejamos os dados pessoais”, sustentando que “nós sabemos que por vezes há discriminação dessas pessoas que testaram positivo, mas continuam sendo nossos irmãos ou familiares, então vamos evitar partilhar porque, por vezes, essa discriminação chega à violência a essas pessoas, linchamento, e isso pode fazer com que dificulte o trabalho dos órgãos da saúde porque as pessoas tendo medo colaboram menos. Bastar existir um ou dois casos de linchamento, todo aquele que tiver informação não vai colaborar e vamos perder o controlo de onde é anda. Então, nós temos que resguardar, guarnecer ao máximo esta informação que nós temos acesso, e lutar para que não haja discriminação”.
Apelou, também, a necessidade de redobrar esforço de forma a evitar que o pior não aconteça na província mais populosa do país, devido a covid-19. “Vamos pedir para dar continuidade a esse trabalho, já fizemos muito e conseguimos nossos resultados, então não pode ser agora que devemos parar”, disse a fonte, recomendando aos edis e os respectivos administradores para desenvolverem trabalhos em conjunto para o alcance de objectivos comuns, independente da cor partidária de cada um.
“Não politizemos, por favor, este assunto, não politizemos. Ainda há muito espaço para se fazer política. Não brinquemos com a vida das pessoas, porque este assunto pode chegar na sua própria casa”, concluiu Mety Gondola. (Texto: Constantino Henriques, Foto: Hermínio Raja)