Bispos da província eclesiástica de Nampula preocupados com a deterioração da situação de Cabo Delgado

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Nampula (IKWELI) – A deterioração da situação do conflito armado que assola os distritos do norte da província de Cabo Delgado, preocupa os bispos da província eclesiástica de Nampula, os quais estiveram reunidos, entre os dias 5 a 8 do corrente mês de Maio, na cidade de Nampula, para discutir os problemas que apoquentam os fiéis da igreja católica na região, e a população em geral.

A província eclesiástica de Nampula, da igreja católica, compreende a Arquidiocese de Nampula e as Dioceses de Pemba, Lichinga, Nacala-Porto e Gurúè.

“Como pastores que o Senhor Jesus, morto e ressuscitado, chamou e colocou à frente do Seu rebanho, estamos profundamente preocupados com o agravamento da situação em Cabo Delegado que, na prática, se transformou em palco de uma guerra misteriosa e incompreensível, onde se travam violentos combates. De facto, a guerra já se instalou desde Outubro de 2017 e vai-se estendendo em toda a província e com ela tantas outras formas de violência e violação dos direitos humanos, deteriorando as condições de vida, já precárias, e causando grande sofrimento às populações”, lê-se no comunicado final dos bispos enviado aos fiéis da igreja.

Na mesma missiva, os bispos avançam que “a nossa missão de pastores do rebanho do Senhor não nos permite fechar os olhos nem ficar calados perante o clamor do povo esmagado pelo sofrimento. As consequências dramáticas desta crise multifacetada são patentes: queimada das aldeias, destruição de infraestruturas económicas e sociais, populações assustadas e esfomeadas, famílias em fuga, literalmente confundidas e desorientadas sem saber aonde buscar abrigo e protecção. E como se isso não bastasse, a mesma província de Cabo Delgado, duramente atribulada, infelizmente converteu-se, em Moçambique, no epicentro do surto da pandemia global causada pelo Covid-19”.

Igualmente, os clérigos apontam que “as tensões e os conflitos armados que se travam numa das regiões saturadas de recursos naturais no nosso país e marcados pela falta de informação verdadeira e pela abundância de desinformação, têm muito a dizer sobre o nosso ser e agir como Povo Moçambicano: entre outras coisas, tornam manifesta e, ao mesmo tempo, aprofundam a situação de desarmonia, ambições inconfessadas e descontroladas, as dificuldades de construção da fraternidade na família moçambicana e de um estado de bem comum, as desigualdades sociais e de oportunidades, a condição de insegurança e precariedade, a impossibilidade de o povo trabalhar e levar um ritmo normal da vida, o aumento da fome, a falta de respeito pela dignidade das pessoas e a violação os direitos fundamentais das pessoas e das comunidades”, por isso “lamentavelmente, as principais vítimas de tudo isso são os jovens que, vendo-se excluídos das oportunidades e desejosos de sair da situação de pobreza em que estão mergulhados, acabam por se envolverem nos meandros do crime e da violência, caindo desta feita, num dilema: se, por um lado, se deixam aliciar e instrumentalizar, não se sabe se por poderes internos ou externos, para actuarem como protagonistas da criminalidade, caem na condenação reservada aos malfeitores e “insurgentes”; e se, por outro lado, resistem e se recusam a alinhar na prática da delinquência e violência contra o seu próprio povo, são eles mesmos os que são agredidos e barbaramente massacrados como vítimas de holocausto”.

No referido retiro realizado no início do corrente mês, os bispos da província eclesiástica de Nampula, também, honraram a vida e obra do arcebispo emérito de Nampula, Dom Manuel Vieira Pinto, falecido em finais de Abril último. (Redação)

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