Nampula (IKWELI) – Pouco mais de 300 (trezentas) pessoas oriundas dos distritos onde ocorrem ataques armados na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, refugiaram-se na vila de Namialo, em Nampula, fugindo da acção dos terroristas.
Desde finais de Abril último que algumas destas pessoas foram acolhidas pelos seus familiares que residem naquele ponto do distrito de Meconta, facto que ditou o aumento dos agregados familiares, chegando, nalguns casos, a excederem 30 pessoas numa minúscula casa de construção precária.
Igualmente, o cenário ditou mudanças nas estruturas famílias, sobretudo na qualidade de vida destes cidadãos.
“Nós saímos assim mesmos, nem pasta, nem roupa, conforme estão a nos ver, é assim mesmo como saímos. Agradecemos ao governo daqui porque fomos bem recebidos. O que estamos a sofrer é o sítio para onde podemos dormir, conforme estão a nos ver, estas esteiras pedimos emprestado dos vizinhos e estamos a dormir aqui mesmo, não temos nem comida”, disse Maita Toshi, um dos integrantes daquele grupo.
“Não temos redes mosquiteiras, e somos picados por mosquitos. Estamos a agradecer ao governo e pedimos, também, para que se tiverem alguns sítios para podermos descansar porque lá a guerra continua, até todas as casas já queimaram lá”, precisou Maita Toshi, apresentando as preocupações do grupo, ao Secretário de Estado da Nampula, que escalou o local na última terça-feira (12).
“Eles estão a matar muitas pessoas lá. Não consegui ver o número de pessoas que mataram porque sai a fugir de lá para o mato. Eles, quando chegam na povoação, dizem que nós queremos muçulmanos, dizem que não querem pessoas que andam sem religião como um animal. Nós, também, somos muçulmanos, mas eles falam muita coisa, têm muitas formas que eles falam, até quando você corre para o mato eles, também, vão para lá”, acrescentou a fonte.
O número, de acordo com a chefe do posto administrativo de Namialo, Adelina Mucala, pode registar um aumento durante a semana porque a “cada dia que passa nós recebemos novas entradas. Eles estão em algumas residências de familiares. Este grupo, por exemplo, foi acolhido por duas famílias vizinhas. Eles vêm de vários distritos de Cabo Delgado como, Muidumbe, Mueda, Mocímboa da Praia …, e estão aqui”, explicou Adelina Mucala, acrescentando que “eles têm tudo destruído, segundo informação deles. Aqui é para ver se tentam um novo começo de vida. Eles têm a falta de comida, roupa, cobertores, não têm camas, são algumas preocupações que eles apresentam”, disse.
Mety Gondola, Secretário de Estado da província de Nampula, disse lamentar a situação. “Nós sabemos que esta é uma situação bastante difícil. É uma situação em que estamos todos tristes com o que está acontecer. O governo está a fazer todo esforço para resolver este problema”, referiu tranquilizando que “nós vamos ter que vos receber como irmãos, vamos ter que encontrar formas para que cada um, o pouco que tem, partilhar para que se, enquanto estamos a procurar de uma solução definitiva, pelo menos possamos continuar aqui juntos”.

“Lamentamos isso que está acontecer e estamos a nos esforçar para resolvermos este problema. Nós não estamos satisfeitos e, nunca estaríamos satisfeitos porque, não podemos nos matar uns aos outros, nós somos irmãos. Não podemos fazer mal a outra pessoa, aquilo que está acontecer todos nós temos que condenar e dizer que é muito mau”, disse o dirigente.
“Estamos felizes porque as nossas forças armadas estão a conseguir registar avanços, e esperamos que daqui a um tempinho possamos conseguir vitórias cada vez mais da nossa força armada e estabilizar aquela situação”, referiu Gondola, para depois concluir que “não vamos conseguir arranjar muita coisa, mas o pouco que tivermos para tentarmos apoiar, o pouco que tivermos vamos ajudar partilhando para podermos apoiar uma parte das necessidades que temos”. (Constantino Henriques)