Pais e encarregados de educação reivindicam disparidade na fixação de preços para a aquisição de fichas de estudo em Nampula

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  • “Ninguém está obrigado a comprar. Os que não querem e não tem dinheiro deixem para os que tem”, Rafael Pedagógico, director pedagógico da EPC 7 de Abril.

Nampula (IKWELI) – Volvidos os primeiros sete dias do segundo mês da decretação, por prorrogação, do estado de emergência nacional, face ao novo coronavírus, a covid-19, pais e encarregados de educação na cidade de Nampula, no norte do país, queixam-se da inconsistência monetária no processo de aquisição de fichas de estudos nas escolas públicas para os seus educandos.

A metodologia de elaboração e reprodução de fichas, que guiam a continuidade do ensino e aprendizagem de forma remota, está criando espaço para medidas arbitrárias por parte das direcções de instituições do ensino público.

Segundo apurou o Ikweli, os pais e encarregados de educação queixam-se do facto de os preços aplicados pelas escolas para a aquisição das referidas fichas estarem a mudar constantemente.

Em alguns casos, contaram as nossas fontes, as escolas cobram valores que variam de 50,00Mt (cinquenta meticais) a 100,00Mt (cem meticais), e quando o valor oscila os pais e encarregados de educação não são actualizados, vendo-se surpresos quando se dirigem as escolas para adquirirem o material.

“Dinheiro para comprar comida não tenho”, afirma a senhora Inês, mãe de 7 filhos frequentando os ensinos primário e secundário na cidade de Nampula, para depois questionar “como vou conseguir 100,00Mt para comprar ficha de exercícios?”, por isso “as crianças acabam ficando sem matéria”.

No portão principal da Escola Primária e Completa (EPC) 25 de Junho, no centro do mais importante centro urbano do norte de Moçambique, encontramos, sem ideias, o senhor Afonso, cujos três filhos frequentam o estabelecimento em referência.

“Vim comprar fichas de aulas, mas como tinha 100,00Mt apenas consegui as fichas dos meus filhos que estão a fazer a 5ª classe, outras fichas não consegui comprar porque o meu dinheiro não chegou”, disse esta nossa fonte, lamentando a situação que está tornando, o já magro, orçamento familiar cada vez mais apertado.

Alguns pais e encarregados de educação, definitivamente, decidiram por abandonar este procedimento, e os seus filhos estão a “curtir” mais umas férias lectivas, tudo por conta da indisponibilidade financeira.

A dona Alima é avó de cinco petizes, todos frequentando o ensino primário, e por falta de condições financeiras decidiu por não se preocupar com a aquisição de fichas de aulas e exercícios, afirmando que “dentro não tem nem farinha de milho, vou levar 50,00Mt para comprar aulas? Essas crianças vão conseguir estudar a sentir fome?”.

As direcções das instituições de ensino público confirmam a venda das fichas de aulas e de exercícios, mas negam que estejam a praticar os preços referenciados pelos pais e encarregados de educação.

“A copiadora precisa de papel, de toners e energia. Isso não é a escola que paga, eles devem conseguir suas receitas”, disse ao Ikweli o director pedagógico da EPC 7 de Abril, Alexandre Rafael, para quem “ninguém está obrigado em comprar. Os que não querem e não tem dinheiro deixem para os que tem”.

“Nós, como direcção, não estamos a vender nenhum exercício, o que nós fazemos é guiar os professores na elaboração de aulas e exercícios de cada classe e deixamos na fotocopiadora, e quem quiser ter as aulas vai para lá e pede um exemplar. Claro que deve pagar, porque a copiadora não pertence a escola, ela deve ter benefícios. Agora, se ele está agir de má-fé e acaba cobrando os encarregados de educação um preço mais elevado aí, nós não nos responsabilizamos”, precisou o director da Escola Secundária de Napipine, Francisco Ambasse.

Entretanto, o Ikweli tentou, sem sucesso, colher a posição dos Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia da cidade de Nampula, devido a indisponibilidade dos responsáveis. (Elisabeth José)

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