“Dom Manuel Vieira Pinto combateu o bom combate da fé”
- Considera o Arcebispo de Nampula, Dom Inácio Saure.
Nampula (IKWELI) – Perdeu a vida, na noite do passado dia 30 de Abril do corrente ano de 2020, na casa Sacerdotal da Diocese de Porto, o primeiro Arcebispo de Nampula, Dom Manuel Vieira Pinto, vítima de doença, e nesta parcela de Moçambique, as diversas figuras recordam-no como um verdadeiro combatente da fé.
Ao meio dia do sábado, 2 de Maio de 2020, na Sê Catedral de Nampula, foi realizada uma missa pela Páscoa do clérigo, que se tornou notável pelo seu papel na expansão da igreja católica em Nampula, bem como na introdução de reformas que tornaram a igreja cada vez mais assumida pelos nativos, incluindo a construção de centros e missões para formação de catequistas, anciãos e outras figuras importantes para a vida da congregação, em plena guerra civil e da luta de libertação nacional.
“Todas as leituras escolhidas por esta santa missa, em sufrágio de Dom Manuel, fala-nos da vitória de Deus sobre a morte, o maior inimigo da humanidade de todos os tempos e é nossa fé”, introduziu-se o Dom Inácio Saure, Arcebispo de Nampula, durante a missa da Páscoa de Dom Manuel Vieira Pinto, prosseguindo que “uma vitória de Deus sobre esse grande inimigo que nos reunimos neste momento, nesta igreja catedral desafiando, de certo modo, o teimoso coronavírus que parece apostado a dizimar a humanidade. A liturgia da igreja propôs-nos ao longo de toda esta semana que hoje termina, a leitura continua do discurso de Jesus sobre o pão da vida que encontramos no 6º capítulo do evangelho, segundo São João, o discípulo bem-amado do senhor. Este evangelho que acabamos de escutar, com todo respeito religioso nesta santa missa. Jesus nos disse que ele é o pão descido do céu e que quem comer deste pão, ainda que tenha morrido, ressuscitará e viverá eternamente, é digna de toda nossa fé este grande mistério. Jesus é o pão que dá a vida eterna porque ele é o enviado do pai, o autor da vida”.
“Amado povo de Deus, como não nos consolaríamos nós hoje com estas palavras, ao celebrarmos a Páscoa de Dom Manuel que durante cerca de um século da sua peregrinação na terra sempre se alimentou do pão do céu, Jesus Cristo, sim. Se hoje, humanamente estamos tristes, choramos a morte do nosso muito querido Arcebispo emérito Dom Manuel, conforta-nos a promessa da imortalidade e assim, desfeita a nossa morada na terra, adquiriremos no céu uma habitação eterna. Dom Manuel sempre proclamou a sua fé na ressurreição dos mortos, a fé da igreja, a nossa fé. Por isso, neste momento, enquanto nós choramos e imploramos a misericórdia de Deus nobre Dom Manuel cá na terra vejo-o lá no céu”, referiu Dom Saure durante a homilia.
Num outro desenvolvimento, a fonte avançou que “ao consolarmo-nos com aquelas suas enriquecidas palavras de paz solícito que ele dizia muitas vezes às suas filhas da paz e misericórdia não sejais crianças quando ao modo de julgar e agir que o tempo da idade adulta já chegou. Creio que sejam estas palavras que Dom Manuel diz ainda hoje a todos nós lá do céu. Arquidiocese de Nampula, minhas filhas da paz e misericórdia que o tempo da idade adulta já chegou”.
Igualmente, Dom Saure reconheceu que “o tempo da idade adulta já chegou na verdade mas, Dom Manuel não nos deixou órfãos, porque ele nos deixou essa família de Deus que o visionário de Nampula, como chamou o padre José Luzia na sua obra sobre o primeiro arcebispo metropolitano de Nampula, grande amigo do povo moçambicano se torne intercessor de Nampula e de Moçambique inteiro onde seus direitos irmãos e filhos na fé continuam a ser massacrados e humilhados que sempre feriu o seu coração de pastor e, certamente, continua ferido lá no céu”.
“Nós acreditamos que Dom Manuel combateu o bom combate da fé, terminou a corrida, permaneceu fiel. A partir de agora, ele mereceu a coroação do senhor, justo juiz entrega aqueles que anseiam pela sua vinda como nos ensina o apóstolo são Paulo”, prosseguiu o nosso interlocutor, para depois concluir que “lembramo-nos que durante a guerra civil em Moçambique, quando recebia a notícia da morte da população, Dom Manuel perguntava visivelmente entristecido, quem matou os meus filhos? Sim, para Dom Manuel, todos eram seus filhos e irmãos na fé, independentemente da sua obediência religiosa. Dom Manuel Vieira Pinto tem, também, a alegria de ver, lá do céu, a prosperidade das suas filhas da nossa Senhora da paz e da misericórdia, assim seja”.
Dom Manuel foi um grande homem
Quem, também, reconheceu as qualidades do Arcebispo emérito de Nampula, é o actual governador, Manuel Rodrigues que assistiu a missa da pascoa do clérigo.
“Dom Manuel Vieira Pinto foi, na verdade, um grande homem que sempre esteve connosco, foi na verdade o arcebispo do povo, porque desde os primeiros tempos de luta de libertação nacional ele sempre esteve ao lado do povo, sempre agregou para que todos nós vivêssemos em paz, melhorássemos as nossas condições de vida”, reconheceu o governante.
“O arcebispo, Dom Manuel Vieira Pito, nós recordamos com muitas saudades as suas obras que só podemos mencionar alguma aqui. Ali no centro social de Namicopo, quando ele pintou com as cores da nossa bandeira nacional como símbolo e indicação clara do seu patriotismo, do amor a nossa terra e do seu povo. Igualmente o arcebispo, Dom Manuel Vieira Pinto foi um grande homem, nós sabemos que ele foi efectivamente exposto a nossa pátria, Moçambique, porque estava apoiar o povo moçambicano, estava apoiar a família moçambicana, naqueles tempos. Igualmente nós, nos recordamos, e estamos cientes que o nosso arcebispo que partiu entre nós foi o homem de paz, de amor. O homem de Paz porque temos uma obra de referência e editada por si Arcebispo Dom Vieira Pinto, obra que é denominada Coragem pela Paz, é uma obra que até os dias que correm ela nos inspira, nos alimenta e nos dá um caminho para que continuemos a seguir os desafios actuais da nossa província de Nampula, do nosso país, e porque não, de toda a humanidade, uma dos quais, esta que vivemos hoje que é a doença que, infelizmente, está a terminar com vidas de muitos nossos irmãos ao nível mundial e, nós aqui em Moçambique estamos a passar momentos de restrição de usufruto daquilo que são nossos direitos constitucionais”.
Por fim, Manuel Rodrigues pediu ao povo de Nampula para lembrar e fazer o bom uso dos ensinamentos do malogrado porque “ele foi o homem do povo, veio do povo, viveu do povo nampulense e não só, como também de todo mundo, por isso peço para que continuemos a rezar, rezar para que a sua obra continue a vibrar e continue a iluminar-nos no nosso dia-a-dia para que a nossa província de Nampula continue a trilhar na paz, para que a nossa província de Nampula a vencer os desafios que tem na actualidade e para que todo o país, e que Deus livre-nos desta doença que é a pandemia de coronavírus”. (Aunício da Silva e Constantino Henriques)