Nampula (IKWELI) – A inobservância de medidas vigentes no estado de emergência, no âmbito da prevenção do novo coronavírus, sobretudo o distanciamento de mais de um metro e aglomerados com menos de 10 pessoas, podem constituir um perigo para os esforços levados a cabo pelo governo, ao nível da cidade de Nampula, no norte de Moçambique.
Na chamada capital do norte, as peixarias continuam a registar um fluxo desmedido de clientes, sobretudo senhoras, que ao longo do dia, com destaque para as primeiras horas das manhas, procuram adquirir peixe a fim de vende-lo confeccionado nos mercados, paragens de autocarros e outros locais de maior aglomeração populacional.
Estas vendedeiras, reconhecem o perigo de não observarem o distanciamento de mais de um metro de distância em locais de género, mas dizem que não tem alternativa para garantir o sustento das suas famílias.
A senhora Ermelinda Florêncio dedica-se ao negócio da venda de peixe frito no mercado do Muacowanvela, nos arredores da cidade de Nampula, e ao Ikweli disse que prática a actividade há anos, por isso não encontra alternativa para abandonar esta sua única fonte de rendimento.
“Eu sei que existe o coronavírus, meu filho”, reconheceu a dona Ermelinda, justificando-se que “não tenho como. Se eu não fazer isso, as crianças, em casa, vão morrer de fome. Eu não tenho marido, sou da família pobre, então não tenho outra alternativa, se não mesmo ir se empurrar com as outras pessoas na bicha para conseguir comprar o peixe”.
Por outro lado, notamos que, nem mesmo, as mulheres usam máscaras para uma protecção mínima. “Não tenho tempo para isso”, respondeu-nos uma outra senhora que adquiria peixe, num dos estabelecimentos localizados na avenida do Trabalho, quando questionada pelo Ikweli sobre a necessidade da aplicação deste instrumento, para depois afirmar que “nossa missão é de comprar peixe e voltar imediatamente para casa e prepara-lo para a venda”.
Cláudio Momede é gerente de uma peixaria, e ao Ikweli disse que o estabelecimento tem sensibilizado os utentes para que respeitem as medidas de prevenção, mas este exercício não está a surtir os efeitos desejados devido a enchente que se regista no local.
Por seu turno, o delegado Provincial da Inspecção Nacional das actividades Económicas (INAE), em Nampula, Élio Rareque, disse que não tem formas de como controlar a situação, dai que prometeu que em breve o sector que dirige, em coordenação com o Concelho Autárquico de Nampula e a Polícia da República de Moçambique (PRM), vai desencadear uma campanha de sensibilização as pessoas que aderem aqueles locais, e caso não acatem medidas duras serão tomadas. “Os jornalistas, também, devem nos ajudar na sensibilização deste tipo de pessoas, porque nós só não faremos nada”; concluiu Rareque. (Celestino Manuel)