Nampula (IKWELI) – É um caos total a situação pela que passam os utentes de transportes semi-colectivos de pessoas e bens na cidade de Nampula, no norte do país, pelo recorrente encurtamento de rotas, protagonizado pelos operadores.
Em uma semana, a reportagem do Ikweli acompanhou diversas situações nas rotas de transportes semi-públicos na autarquia de Nampula, com destaque para Muahivire – Subestação (via Paulo Samuel Kankhomba), Expansão – Waresta (via Matadouro) e Namicopo – Waresta (via avenida do Trabalho) e a situação não é nada agradável.
Na rota Muahivire – Subestação (via Paulo Samuel Kankhomba), muitos operadores encurtaram a rota colocando um ponto intermédio, ou na estação dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), ou na Padaria Sipal. Já na rota Expansão – Waresta (via Matadouro), unilateralmente, colocaram o mercado 25 de Junho, vulgo Matadouro, como sendo o ponto intermédio, ou seja, a maioria deles ou voltam para Muhala – Expansão ou então para o mercado grossista do Waresta, abandonando os passageiros. Para o caso da rota Namicopo – Waresta (via avenida do Trabalho), os operadores decidiram colocar um ponto intermédio na paragem próximo a residência do Arcebispo de Nampula, na rua Dom Manuel Vieira Pinto.
Esta situação afecta, gravemente, as contas das famílias que residem na maior autarquia do norte de Moçambique.
A senhora Florinda Silvério vive na zona da Faina e trabalha no bairro de Muhala – Expansão. Ao Ikweli, contou que chega a gastar perto de 100,00Mt (cem meticais) por dia para chegar a tempo ao local de trabalho, bem como para voltar a sua residência.
“Muitas das vezes eles encurtam as rotas no período da tarde, porque acham que não podem fazer a rota. Isso prejudica-nos bastante”, disse a senhora, para depois avançar que “os meus patrões apenas me dão 20,00Mt (vinte meticais) por dia para o chapa-100”.
José Dança dedica-se a venda de produtos artesanais na Feira Dominical. Ele vive próximo ao mercado grossista do Waresta. Para chegar ao seu local de vendas sobe, regularmente, dois “chapa-100”.
“Esta rota que passa pelo Matadouro é a mais difícil. Não tem a ver com a hora. Os chapeiros param sempre ali no mercado do matadouro”, conta-nos esta fonte, para depois referir que “as vezes só tenho 10,00Mt (dez meticais) para chegar a um determinado local, mas os chapeiros encurtam a rota”.
Os operadores mostraram-se arrogantes quando abordados sobre a questão, defende-se que os preços de combustíveis estão a subir cada vez mais, e que não encontram alternativa para satisfazer os seus patrões.
“Não obriguei a ninguém a subir o meu carro”, respondeu-nos Miguel Lucas, de forma arrogante, um operador que o convidamos a reagir as queixas dos utentes, que depois disse que “cada um tem o direito de subir o chapa que deseja, então eu decide que hoje o meu carro vai até no matadouro”.
“Combustível está caro. Eu trabalho para o dono do carro, por isso tenho que fazer uma receita suficiente para mim e para o proprietário. Se eu for a levar um cliente que sai da desminagem e só vai descer no mercado Waresta vou perder muito combustível, e só vou ganhar pouco. Então, tenho que levar munícipes que vão perto”, defende-se Auiba Muhamed.
Alguns automobilistas reconhecem as reclamações dos utentes, mas apontam que “há passageiros que pioram. Podem subir no Waresta e irem descer na Expansão”. (Texto: Elisabeth José *Foto: Hermínio Raja)