Nampula (IKWELI) – O Secretario Permanente (SP) da Província de Nampula, no norte de Moçambique, Eduardo Macário, defendeu, na última segunda-feira dia (2), que a função pública, está a ser abastecida por indivíduos sem qualidade, competências, iniciativas e sem criatividade por conta da corrupção que se verifica nos estabelecimentos de ensino e de formação.
Como consequência destas fragilidades, de acordo com Macário, o desempenho dos funcionários e agentes públicos tende a regredir. “Servimos mal ao nosso público. A condição de vida da população, ao invés de aumentar começa a decrescer, porque as pessoas que estão lá não têm capacidade para responder a demanda da população e isto é mau”, reconhece o dirigente.
A fonte reconhece que o estado tem, por obrigação, prover melhores serviços ao cidadão para um desenvolvimento inclusivo e melhor, mas é difícil alcançar esta atribuição porque a função pública “está recheada de indivíduos incapazes por conta da corrupção que usaram para entrar no aparelho do estado, e, naturalmente, essa pessoa não vai conseguir atingir a satisfação da população”.
O SP da província mais populosa do país defende ainda que é urgente que todos os intervenientes reflictam com maior profundeza sobre o problema da corrupção em Moçambique, no geral, e na província de Nampula, em particular.
As consequências da prática da corrupção tendem a perigar, também a qualidade de vida dos cidadãos, incluindo a segurança pública e rodoviárias, e citou o exemplo de muitos condutores que não passam por escolas de condução, mas que tem licenças, por isso, há a ocorrência de acidentes de viação fatais e de forma recorrente. “Muitos dos automobilistas não passam nas escolas de condução para aprender os sinais de trânsito e como consequência são os acidentes que assistimos dia pois dia”, disse Macário.
O nosso interlocutor referiu que o governo não vai desistir da luta que tem vindo a empreender no combate a corrupção, por isso tem vindo a investir na capacitação de funcionários e agentes do estado com vista a reverter o cenário e para bem servir ao cidadão pacato.
Na passada segunda-feira (2), Eduardo Macário procedeu ao lançamento da semana internacional de luta contra a corrupção, momento que ele aproveitou para fazer estas declarações preocupantes, mas não novidades.
Por seu turno, o Dr. Freddy Jamal, porta-voz do Gabinete Provincial de Combate a Corrupção de Nampula (GPCC), fez-se saber que de entre Janeiro a Novembro do corrente ano, pelo menos 260 processos foram autuados pela instituição adstrita a Procuradoria-Geral da República.
Esta fonte mostrou preocupação face a morosidade no julgamento dos casos que têm sido submetidos ao tribunal.
Ao nível da jurisdição do GPCC, segundo Jamal, a província de Nampula é a que mais casos de corrupção regista, seguido das províncias de Cabo Delgado e Zambézia, respectivamente, sendo que nos sectores da saúde e educação é onde mais o fenómeno passeia a sua classe.
Igualmente, o Dr. Freddy Jamal mostrou preocupação face a não instauração de processos disciplinares contra os funcionários e/ou agentes do estado que são acusados criminalmente em processos de corrupção. “Esse gestor não pode ser transferir para um outro local ou outra área porque vai continuar a promover a mesma prática”, precisou a fonte. (Celestino Manuel)