Nampula (IKWELI) – A activista social Deleila Tajú apelou, durante um evento sobre a doença no campus da Universidade Lúrio (UniLúrio), em Nampula, para que as mulheres possam ter a coragem de fazer o rastreio do cancro da mama de forma permanente para que no caso de ocorrência possam procurar pelo tratamento adequado.
O cancro da mama ou câncer de mama ou carcinoma da mama é o cancro que se desenvolve no tecido mamário. Entre os sinais de cancro da mama estão o aparecimento de um nódulo na mama ou perto da mama na zona da axila; alterações na forma ou na aparência da mama, como retracção do mamilo, pele da mama ou aréola, mamilo com aparência escamosa, vermelha, inchada ou com saliências e reentrâncias; ou ainda sensibilidade no mamilo e secreção ou perda de líquido pelo mamilo. Em pessoas com a doença disseminada, pode também verificar-se dor óssea, gânglios linfáticos inchados, falta de ar e icterícia.
Entre os factores de risco para o desenvolvimento de cancro da mama estão o sexo feminino, a idade, obesidade, falta de exercício físico, o consumo de álcool, a terapia de reposição hormonal durante a menopausa, radiação ionizante, idade precoce da primeira menstruação, ter filhos em idade tardia ou não ter tido filhos. Entre 5 e 10% dos casos são causados por genes herdados dos pais da pessoa, entre os quais o BRCA1 e o BRCA2. O cancro da mama geralmente desenvolve-se nas células do revestimento dos canais mamários e dos lóbulos onde é produzido o leite. Os cancros que se desenvolvem nos canais são denominados carcinomas ductais, enquanto que os que se desenvolvem nos lóbulos são denominados carcinomas lobulares. Existem ainda mais 18 subtipos de cancro da mama. Alguns cancros desenvolvem-se a partir de condições pré-malignas como o carcinoma ductal in situ. O diagnóstico de cancro da mama é confirmado através de uma biopsia do nódulo em questão. Uma vez realizado o diagnóstico, são realizados mais exames para determinar se o cancro se disseminou para além da mama e a que tratamentos podem responder.
A ponderação entre as vantagens e desvantagens do rastreio do cancro da mama ainda é um tópico controverso. Uma revisão de 2013 da Cochrane afirmou que não é claro que o rastreio mamográfico tenha mais benefícios ou malefícios. Outra revisão de 2009 por um grupo de trabalho dos EUA (US Preventive Services Task Force) encontrou evidências de benefícios em pessoas com 40 a 70 anos de idade, tendo recomendado o rastreio a cada dois anos para as mulheres entre os 50 e 74 anos de idade.
A senhora Deleila tem se destacado na luta contra a doença em Moçambique, por isso defende a não estigmatização das pessoas que sofrem deste mal, o que pode contribuir na redução das suas vítimas mortais.
Segundo esta activista, no mundo inteiro, perto de 4,4 milhões de mulheres são afectadas pelo cancro da mama.
Vítima da doença, esta nossa fonte conta que perdeu uma das suas mamas em Setembro de 2017, e de lá para cá decidiu dar as suas energias para o combate da doença.
“Nalgum momento comparei-me com Jesus Cristo quando foi pregado na cruz. Ele foi levado a força. Igualmente eu, também, fui levada a força para aquela sala de cirurgia. Eu olhava para o médico e perguntava: o senhor vai me tirar a mama? A minha esperança era tanta que nalgum momento acreditava que ele não ia tirar a mama”, contou a activista para depois anotar que “a minha esperança de ter mama no peito acabou quando acordei”.
Outro apelo da senhora Deleila é no sentido de as mulheres perceberem a importância de fazerem o diagnóstico precoce da doença, de modo a evitar que ela se propague para outras partes do corpo.
“Nós somos muito desleixadas com o nosso corpo. Os homens casados e não só devem ajudar as suas mulheres de modo a reduzir a taxa de mortalidade por este mal. Cancro tem cura e pode se precaver quando cedo”, concluiu a nossa fonte. (Celestino Manuel e Elisabeth José)