Nampula (IKWELI) – A zona da barragem, localizada no bairro de Carrupeia, nos arredores do concelho autárquico de Nampula, viveu momentos conturbados na manha desta quarta-feira (7), por conta de uma rebelião registada no Estabelecimento Penitenciário Regional Norte, e estima-se que três reclusos tenham perdido a vida no momento.
Segundo apurou o Ikweli, os tumultos começaram logo pelas primeiras horas do dia, no momento da troca de turnos entre os guardas prisionais, alegadamente, porque um deles, no momento da revista do pavilhão 5 deixou cair uma granada de fumo.
O director do estabelecimento, Álvaro Arnaça, contou a mesma versão ao Ikweli, sustentando que “logo pela manha, os colegas que estavam em pleno serviço para entregarem o turno tem de fazer uma revista. Um acto normal dentro dos pavilhões. Ao fazerem a revista, um deles portava uma granada de fumo que acabou-lhe escapando e caiu, e ela originou uma fumaça generalizada dentro do pavilhão com aproximadamente 200 reclusos. Isso criou uma agitação e os reclusos acabavam querendo sair. Ao saírem do pavilhão foram abrindo outros pavilhões dos outros colegas reclusos. Aproximadamente 1.700 reclusos ficaram fora dos pavilhões. Isso criou uma agitação enorme que não tínhamos como senão termos que usar a força que tivemos que usar”.
Arnaça disse que tentativas de negociar calmia com os reclusos redundou em fracasso, facto que obrigou a direcção a recorrer o uso de força letal com apoio externo, ou seja, Forças da Defesa e Segurança. “Tentamos negociar com eles e não foi possível. Eles desceram para aqui e vandalizaram-nos tudo, incluindo o posto de saúde, queimaram a alfaiataria, foram queimar o controlo penal (onde ficam os processos individuais dos reclusos), queimaram na reinserção social (onde fica alguma informação sobre a vida e disciplina deles aqui no interior) ”.
Segundo esta fonte, os reclusos agiram com recurso a material contundente, sobretudo ferros, que foram apanhando no pátio do estabelecimento.
“Neste momento não podemos reportar mortos, mas tivemos sete feridos graves. Nenhum agente penitenciário e nem as forças que vieram cá para nos ajudar não nos reportaram feridos”, disse o director Arnaça, para quem “haverá uma revista para a recolha do material contundente e ainda vai se avaliar se foi um acto premeditado ou não”, pois, no seu entender “nenhuma acção num estabelecimento penitenciário como este pode acontecer sem que haja alguém a meter algum barulho ali dentro”.
Nossas fontes no local confirmaram que três corpos, todos de reclusos, foram encaminhados a morgue do Hospital Central de Nampula (HCN), e ainda um guarda penitenciário foi alvejado.
No local era possível ver agentes da polícia de diferentes especialidades armados até aos dentes, mostrando prontidão combativa.
No interior dos pavilhões, o Ikweli observou dezenas de reclusos estatelados no chão, clamando por assistência médica. (Aunício da Silva, Celestino Manuel e Sitoi Lutxeque)