DEPOIS DO ACORDO DE PAZ E RECONCILIÇÃO NACIONAL…

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Por: Danilo Tiago

Com um misto de alegria, e até certo ponto receio de nova ruptura e no meio de muita azáfama, Moçambique testemunhou ontem a subscrição do quarto Acordo de Paz na sua história. O Acordo ontem subscrito é o quarto se tivermos em conta que houve o primeiro em 1992 assinado entre Joaquim Chissano e Dhlakama, o segundo subscrito por Armando Guebuza e Dhlakama em 2014 e o terceiro subscrito por Filipe Jacinto Nyusi e o antigo líder da RENAMO em 2017.

Será que a terceira é de vez? Esta é a questão que não quer calar para muitos de nós. E não é para menos, devemos ser dos únicos e poucos países que em menos de 3 décadas subscrevemos três acordos de paz sendo os mesmos actores políticos, o Governo e a RENAMO.

Os contestatários liderados pelo General Mariano Nhongo que não reconhecem a legitimidade de Ossufo Momade, gritando de viva voz para quem os quer ouvir que estão dispostos a depor o novo líder eleito em conclave algures na Serra da Gorongosa e no seu lugar eleger um novo líder saído da auto – proclamada Junta Militar. Em Nhamapaza houve uma mensagem clara de que Nhongo e a sua cúpula estão dispostos a levar até as últimas consequências a ideia de contestar Ossufo e a sua liderança quando houve um ataque um dia antes da subscrição daquilo que viria a ser materializado ontem na Praça da Paz na Capital moçambicana, Maputo. São estes gestos que não deixam confortável qualquer cidadão moçambicano. Depois de Nhamapaza o que a Junta Militar fará? Qual será o próximo passo de Nhongo e os seus seguidores?

Fantasmas de fracasso e retrocesso do Acordo de Paz e de Reconciliação Nacional hoje subscrito entre o Governo e a RENAMO a parte, a Comunidade internacional acabou anunciando aquilo que é o seu apoio para a reintegração dos antigos guerrilheiros da RENAMO que ontem despiram a farda verde e largaram as armas que durante muito tempo foram suas fiéis companheiras.

Foi na voz de Frederica Mogherini, Comissário da União Europeia para a Política Externa que houve anúncio da injecção de cerca de 60 milhões de euros para financiar a reintegração. Uma boa nova com certeza e isto é só o começo dos novos e bons tempos que aí vem.

Com a subscrição do terceiro Acordo de Paz, urge questionar as causas que estiveram por detrás do insucesso dos dois anteriores, nomeadamente o de 1992 e o de 2014. A resposta a essa questão pode levar – nos a acautelar que o Acordo hoje subscrito não falhe como os outros dois.

E depois do Acordo de Paz e de Reconciliação Nacional, o que se segue? De certo que também é uma questão não menos importante.

Obviamente que segue o processo de reintegração dos homens da RENAMO a nova realidade. Urge sair das matas para fixar residência nas cidades e desfrutar as consequências positivas da paz. Mas mais do que isso, segue – se já em Setembro, quando a campanha politica para as eleições presidenciais e de governadores provinciais começar. Nesta época haverá o verdadeiro teste sobre a seriedade do Acordo hoje subscrito. As campanhas politicas e a seguir as eleições e a divulgação dos resultados das eleições estão intimamente ligadas as recorrentes desestabilizações políticas pós – eleições, por isso só depois de Setembro e Outubro poderemos aferir se este Acordo hoje subscrito não passa de letra morta ou se a Paz veio para se eternizar no nosso solo pátrio.

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