Nampula (IKWELI) – O académico moçambicano Adriano Nuvunga acredita que o novo acordo de cessação de hostilidade assinado entre o Presidente da República (PR), Filipe Nyusi, e o da Renamo, Ossufo Momade, poderá ser bem sucedido.
Diferentemente dos anteriores, o Professor Nuvunga entende que “este acordo tem a particularidade de mostrar maior equilíbrio de parte a parte e maior consideração mútua entre os dois líderes”.
A fonte considera que as crispações dentro da Renamo, em processo de natureza igual, são normais. “Apesar de haver alguma instabilidade dentro da Renamo, que é normal neste tipo de processos, notasse maior abertura para o progresso do acordo assinado”.
“Os dois anteriores acordos de paz que houve, o assinado entre o presidente Chissano e o presidente Dhlakama, o assinado entre o presidente Guebuza e o presidente Dhlakama, tinham um pendor muito grande de desnível entre o Presidente da República e o presidente da Renamo. Não havia o mesmo nível de aceitação mútua por parte dos líderes. Basta notar que no acordo de 1992 a delegação do estado moçambicano quando saiu de Roma foi directo para Maputo, mas a delegação de Renamo voltou para as matas. Assim foi, também, em 2013 a delegação da Renamo não sabia bem para onde é que ia, não houve essa preocupação maior em compreender como é que depois da assinatura seria a vida do líder da Renamo. Desta vez foi diferente, quando se assinou o acordo de cessação de hostilidade na Gorongosa, na semana passada, os dois líderes foram para Maputo, em condições de maior dignidade. O presidente da Renamo teve, também, dignidade. Teve uma avioneta que o levou para Maputo. Isso mostra um reconhecimento por parte do estado de que são todos atores políticos importantes que devem ter um tratamento digno, para que se possa promover um estado de direito que reconhece todas as principais forças políticas nacionais a bem da paz e da estabilidade”, referiu o nosso interlocutor na cidade de Nampula, na manha desta segunda-feira (5).
Num outro desenvolvimento, o Prof. Nuvunga entende que “este acordo da semana passada abre caminho para o acordo definitivo (que deverá ser assinado nesta terça-feira (6). Um acordo definitivo que tem a particularidade de ser assinado, desta vez, por pessoas que não foram elas que lideraram o processo da guerra civil. Portanto, não foram estes que combateram a guerra civil, apesar de Ossufo Momade ser general, mas não era ele que estava liderar a operação. Os assuntos do peito e até zangas entre líderes do passado, que muita vezes influenciam os destinos políticos, não estão presentes desta vez. Então quer me parecer que, também, por este aspecto vem os dois líderes que assinaram o acordo na semana passada e que vão assinar o acordo na próxima semana não são os líderes históricos dos grupos que representam e nesse sentido o peso da história, o peso do passado, que muita das vezes os chefes não dizem”.
Nuvunga aponta ainda que este acordo está virado para o passado e não voltado ao passado, tal como aconteceu com os anteriores, concluindo que “o peso do passado não vai estar aqui”. (Aunício da Silva)