Na Grande Entrevista de hoje, a nossa figura eleita é um homem do desporto. Abdul Hanane, então presidente do clube Sport Benfica e Nampula.
Dirigiu a colectividade por mais de três décadas e viu-se obrigado a abandonar por força dos novos estatutos.
Hanane canta glórias durante o tempo que dirigiu o clube mas, também, está triste e arrependido porque o seu legado não está a ser valorizado como deve ser. Na entrevista realizada no campo do Benfica, no populoso bairro de Namicopo, Hanane foi um homem com um semblante meio triste por entender que deu mais ao clube que agora está em disputa, do que deu a sua própria família, inclusive chegando mesmo a perder esposas.
Acompanhe na íntegra a entrevista.
Entrevista conduzida por Aunício da Silva e Constantino Henriques, com fotos de Hermínio Raja
Jornal Ikweli (Ikweli): Senhor Abdul Hanane, será que ainda temos o Benfica de Nampula?
Abdul Hanane (Hanane): Uma pergunta muito simples, mas difícil de responder pelos factos que tem estado a correr. Mas, para satisfazer a sua pergunta respondo que não vamos ter o Benfica de Nampula tão já, porque há um caso que está na justiça desde o ano antepassado e temos assistido um teatro caricato quer ao nível do governo, na justiça e por ai fora. Isto porque, pela primeira vez na minha vida estou vendo, vivendo e sofrendo uma situação que jamais aconteceu na história de futebol deste país. O que está a acontecer, efectivamente, é o mesmo que dizer Moçambique tem um parlamento que aprova leis só para por na gaveta e não há necessidade de termos deputados. A famosa democracia não existe, e se existe não é interpretada. Mas a ver vamos.
Ikweli: O que está a acontecer efectivamente?
Hanane: O que está acontecer é que alguns indivíduos que dizem ser antigos sócios estão a cometer desmandos. A palavra por si só, antigos sócios, já exprime o verdadeiro sentido das coisas. Eles eram antigos sócios e não estão no direito, não tem requisitos, e não estão na condição de exigir, absolutamente, nada. E é isso o que estamos a assistir no Tribunal Judicial da Cidade de Nampula, na pessoa do senhor Juiz Fernando Emaga que pura e simplesmente ignora os factos. O director provincial da Juventude e Desporto de Nampula, também, não foi capaz de discernir, mas vimos alguns técnicos da mesma direcção a dizer que é um assunto que deve ser dirimido apenas ao abrigo da lei do Desporto e dos estatutos do Benfica, pela Assembleia do Benfica que é constituído pelos sócios devidamente legalizados.
Ikweli: Então, onde é que foram as glórias do Benfica de Nampula para chegar-se a esse nível?
Hanane: Chegamos a esse nível porque passamos algumas transições após a independência. Nós deixamos de ser Benfica e passamos a ser Muahivire, por razões políticas do momento, depois novamente voltamos a Benfica. A nova identidade do clube fez com que o poder da massa associativa desaparecesse, uma vez que se tinham integrado um leque de empresas, que faziam parte as Obras Públicas, a GEOMOQUE, a CINAP, APIE, empresa das Águas e muitas outras que acabaram entrando na falência. O Muahivire, portanto, perdeu a sua hegemonia, perdeu o seu patrocinador que injectava dinheiro, e não só, quem dirigia o clube eram os directores dessas empresas de forma intercalada, e o poder social perdeu a sua força. Por isso, o clube perdeu a hegemonia de ter sócios porque os sócios perderam a cultura de pagar quotas e é aqui onde começa o grande problema.
Uma das formas que encontramos, nós os sócios, era de que voltássemos a antiga designação na esperança de que o Benfica de Lisboa pudesse nos abraçar dando uma cooperação o que, infelizmente, não aconteceu, porque um dos requisitos era de que tivéssemos pelo menos 10 sócios inscritos no Benfica de Lisboa. Conseguimos algum número e ficamos com o horizonte de termos a casa do Benfica de Lisboa em Nampula, mas acabou caindo água abaixo porque em 2005 tínhamos os estatutos preparados e havíamos decidido que a sede do Benfica seria mesmo no Muahivire. Nas nossas instalações já havíamos construído um centro cultural, o Wamphula Café, e foi quando houve uma rebelião protagonizada pelo senhor Baptista e o falecido Muarepuete. Ai, eu entreguei o Benfica e fui para Maputo. Foi ai que as glórias do Benfica, do Muahivire, começaram a desmembrar com pessoas que não se identificam, apenas falam.
Ikweli: O Hanane viveu, praticamente, a vida inteira no Benfica de Nampula?
Hanane: Sim, 30 anos.
Ikweli: Há uma relação familiar com o Benfica de Nampula?
Hanane: Uma grande relação, porque o meu pai fora presidente deste clube. Eu era jogador do clube em 1979/80, depois fui a minha formação, em Maputo. Foi nessa altura em que as empresas do Estado começam a ficar falidas e a desaparecer e o meu pai assumiu. Ele era um dos sócios, adepto e simpatizante do Benfica de Nampula.
Ikweli: Está a dizer que a sua família investiu muita fortuna no Benfica de Nampula?
Hanane: Muita, muita. O meu pai investiu muito dinheiro, pagou salários, comprou muito material para o clube, a semelhança do que eu fiz, foi uma continuidade.
Ikweli: É verdade que o senhor Hanane vendeu o património da família para apoiar o Benfica de Nampula?
Hanane: É verdade. Vendi a padaria do meu pai para ver se podia pagar as dívidas do clube. Na altura conseguimos levar o clube no campeonato nacional de futebol da primeira divisão, hoje Moçambola. A padaria sustentava o Benfica de Nampula na década 90 e 2000. O clube tinha muitas dívidas.
Ikweli: Estamos a falar de quantos mil?
Hanane: Neste momento não posso dizer, concretamente, os números.
Ikweli: Isto trouxe-lhe algum problema no seio da família?
Hanane: Não. Porque eles perceberam a intenção. Quer a minha mãe, quer os meus irmãos sabiam que o meu pai se identificava com o Benfica de Nampula. Ele era louco, prontos, como eu sou, e nós quisemos dar continuidade a este projecto, mas há outros que apesar de ter jogado no Benfica, assumiram algumas pastas no seio do clube, mas nunca tiraram dinheiro para sustentar o clube, e isso lhes tira o direito de julgar a quem quer que seja.
Ikweli: E ao nível dos casamentos? Algum problema?
Hanane: Realmente. Elas [antigas esposas], também, colaboraram, cozinhando para os jogadores, lavando os equipamentos do clube, estando em frente da realização de jogos e na bilheteira, para angariar mais receita para o próprio clube. Algumas viram que, realmente, não era este o projecto de um casamento, e acabaram, portanto, se divorciando, e foram a procura de outra vida diferente desta que eu levava, em que dava mais tempo ao clube. Com o meu dinheiro comprei mais equipamento do que pão para casa.
Ikweli: Arrependesse por isso?
Hanane: É mais uma pergunta difícil de responder. Apesar do que os meus filhos passaram, não há espaço para arrependimento porque fiz sorrir muitos jovens desta cidade e província, pelo sorriso que sinto aos moçambicanos do Rovuma a Maputo. Alegria que eu sinto nas crianças ao me chamarem, quando passo, é gratificante. Ajudei alguns jovens que fui chamar nos bairros, nas escolas, e alguns deles até foram representar a selecção, alguns conheceram Portugal, Seychelles e Brasil.
Ikweli: Recordasse de alguns?
Hanane: Sim. O Figo, Germino, Isaac, Imo, Joa (que acabou com a careira muito cedo), Rivaldo, Chana (que já esteve, também, na selecção nacional). No caso em particular do Chana, deixou-me com uma mágoa muito grande, porque com o bilhete de ir para Portugal, na Academia do Sporting para estar ao lado do Cristiano Ronaldo, perdeu a oportunidade porque Filipe Jacinto Nyusi [quando presidente do Ferroviário de Nampula] entendeu que devia lhe dar 25 mil de contrato. Como jovem, com 19 anos, nunca tinha visto esse valor acabou ficando em Nampula.
Ikweli: No tempo em que presidiu o Benfica de Nampula, já foi campeão alguma vez?
Hanane: Já fui campeão várias vezes no campeonato provincial. Já fui campeão no regional, levei o Benfica de Nampula para o campeonato nacional de futebol da primeira divisão, onde descemos com 19 pontos. Tivemos muitos títulos no atletismo, basquetebol, andebol. A grande marca que ficou no campeonato nacional de futebol da primeira divisão foi por termos ajudado o Ferroviário de Nampula, porque o excelentíssimo Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, na altura presidente do Ferroviário, e Abdul Razaque, então governador de Nampula, pediram ao Benfica de Nampula para que não pudesse perder com os directos concorrentes do Ferroviário na tabela classificativa, e nós vencemos todos adversários dele, então, o Benfica de Nampula, de Abdul Hanane, chegou a ser Jesus Cristo do Ferroviário de Nampula.
Ikweli: Vamos voltar as turbulências.
Hanane: A vontade.
Ikweli: É o património que está no meio de todo esse conflito?
Hanane: Honestamente não sei se é isso ou não, porque foi isso que os nossos advogados questionaram nas questões prévias perante ao juiz. Nós não estamos a saber o que há de concreto. Primeiro, quem são esses indivíduos, e segundo o que essas pessoas querem.
Ikweli: Portanto, a decisão do Tribunal é de que o senhor Abdul Hanane, o senhor Aiupa e os outros estão vedados de ter acesso ao património do clube. De que património, exactamente, se refere? A providência cautelar refere que não se podem identificar pelo Benfica de Nampula, nem usar o património muito menos a marca do clube.
Hanane: Enquanto eu não for notificado dessa sentença, não tiver esse documento, não há ninguém que me pode vedar. Falo isso com toda categoria, para além de que mesmo recebendo esse documento a lei me dá prerrogativa de poder recorrer. Por isso, estou a espera que receba esse documento para dai eu agir e reagir.
Ikweli: Vamos voltar para Muahivire. Como é que o Benfica saiu de lá para Namicopo?
Hanane: Houve um processo de execução que está arquivado no Tribunal Judicial da Província de Nampula fruto de um valor que, na altura, José Maria Domingos Anacleto levantou no banco Barclays, na altura 100 milhões, actualmente 100 mil meticais. Passados 12 anos o Tribunal decide executar o Benfica de Nampula, e é nesse processo que começa o desenho desta transferência de património de lá para cá. Nós tínhamos cinco dias para pagar mais de 660 mil Meticais e o clube não tinha esses valores.
Ikweli: Quem é José Maria Domingos Anacleto para o Benfica de Nampula?
Hanane: Ele, na altura, era construtor e presidente do clube. Levantou valores hipotecando o património do Benfica de Nampula. O Marcelo Castelo Branco estava lá, o falecido Mussagi estava lá, o falecido Manuel de Sousa estava lá, entre outros.
Ikweli: Então a direcção do Hanane viu-se obrigada a vender o património para salvar a dívida?
Hanane: Não, não vendemos. O que aconteceu foi troca de instalações. No último dia, tivemos uma situação que era para podermos salvaguardar os interesses do clube. Foi quando a Sonil aceitou pagar a dívida para depois nós marcarmos uma Assembleia para decidirmos como seria a negociação deste valor que a Sonil estava a pagar. Foi assim, e passado um mês, de acordo com os estatutos, convocamos uma assembleia onde decidimos que devíamos ouvir qual era a proposta da Sonil que tirou uma proposta de ficar com as instalações, uma vez que estava interessada em montar um projecto, e o Benfica podia escolher um espaço onde podíamos construir esta infra-estrutura que está aqui diante dos vossos olhos [local onde decorreu a entrevista]. Foi exactamente isso.
Se não tivéssemos feito isso, nós nem teríamos esse património. Eu não sei onde é que o Benfica de Nampula estaria, e nem sei se há 12 anos o Benfica de Nampula existiria. Eu não sei a quem a tal comissão iria pedir a prestação das contas.
Ikweli: Tirando este património, o Benfica de Nampula encaixou algum valor vindo da Sonil?
Hanane: Não, não houve encaixe de nenhum valor.
Ikweli: Quanto está avaliado este património?
Hanane: Este património está avaliado em 400 mil dólares (cerca de 24 milhões de meticais ao cambio do dia).
Ikweli: Qual é a dimensão e o que temos?
Hanane: Temos um espaço de cinco hectares. Temos dois edifícios: um designamo-lo de serviços, onde temos três balneários de jogadores e árbitros bem equipados, e temos uma cozinha e um refeitório. Temos um centro de estágio com sete quartos, onde cada quarto pode aguentar quatro beliches. Temos um centro social bem equipado, também. Do outro lado, temos uma sala com capacidade de acolher 250 pessoas. Temos cinco gabinetes para a direcção, amplos, temos duas bancadas onde temos 34 camarotes, casas de banho e serviços de bar. Temos, também, o parque de estacionamento, temos um furo de água, um tanque interno, temos iluminação em todo património. Temos, também, um espaço de 2.7 hectares para ser explorado, para além deste campo de futebol.
Ikweli: Vamos falar um pouco da gestão. Porque tomou a decisão de deixar a direcção?
Hanane: Por força dos estatutos tive que deixar porque já cumpri com os meus mandatos. Infelizmente, não estou chateado por isso porque a minha área é mais para a formação. Alias, nunca sonhei em ser presidente do Benfica, na altura que entrei não havia alguém para assegurar o clube e fui assegurando dentro do possível.
Ikweli: Quantos anos ficou em frente do Benfica?
Hanane: 30 anos.
Ikweli: Quantos mandatos?
Hanane: Na altura não havia essa coisa de ciclo.
Ikweli: E agora?
Hanane: Há 10 anos com a aprovação dos estatutos tudo mudou. Nos tentamos imitar. As pessoas confundem o mandato governamental com o mandato de um clube, o que não acontece com outros países, sobretudo europeus.
Ikweli: Qual é a sua relação com o senhor Aiupa Abudo?
Hanane: Aiupa foi meu jogador, aqui no clube. Ele cresceu aqui, vindo de Memba, e pelas suas qualidades foi contratado pelo Ferroviário de Nampula e foi muito ajudado pelo ex-presidente do Ferroviário, Filipe Jacinto Nyusi. Depois de deixar de jogar colaborou com o clube, ocupou as pastas de tesoureiro do Benfica de Nampula nesses últimos seis anos, participou alguns cursos de treinador de futebol, e como gestor desportivo, por isso ao nível da direcção os colegas acharam que a melhor pessoa que podia substituir Abdul Hanane é Aiupa Abudo.
Ikweli: Conhece o senhor João Baptista?
Hanane: Conheço-o muito bem.
Ikweli: Tem alguma relação com ele?
Hanane: Ele foi treinador de atletismo no Benfica de Nampula, nessa altura tínhamos condições de movimentar o atletismo. Movimentávamos o Basquetebol.
Ikweli: Tem alguma mágoa para com o senhor João Baptista?
Hanane: Não, não tenho nenhuma mágoa com ele. Infelizmente, ele não está a proceder bem, porque ele não paga quotas no Benfica de Nampula. Este comportamento é a forma de estar dele. Ele acha que está no direito, mas não está.
Ikweli: Quantos sócios têm o Benfica de Nampula actualmente?
Hanane: Nós temos 247 sócios.
Ikweli: Quem é Abdul Hanane?
Hanane: Abdul Hanane é um cidadão macua, um Nahara, natural de Matibane, de 56 anos de idade. Estudou na cidade de Nampula. Fez a sua 4ª classe em 1975 em Murrupula. Em 1976 foi a Maputo onde ficou três anos. Estudou a religião muçulmana, inglês, tendo em 1979 regressado para Nampula fazendo a sua 5ª e 6ª classes.
Em 1980 foi incorporado no Serviço Militar Obrigatório. A caminho da Rússia acabou pela decisão da Graça Machel, na altura ministra da Edução e Cultura, forçosamente, que tinha de tirar o curso de professor, e passados 10 anos foi professor da Escola Secundaria de Nampula onde ocupou várias posições, e de lá para cá abraçou a carreira de treinador de futebol no Benfica de Nampula, então Muahivire nas categorias de Juvenis e Juniores, mas antes era treinador de Futsal, a convite do senhor Henriques Gamito, na altura director provincial das Finanças de Nampula e presidente do clube na altura.
A partir de 1998, a convite dos sócios gere uma comissão para instauração da nova direcção do Benfica de Nampula, porque o clube estava abandonado. Substitui, portanto, o Anacleto.
Pai de oito filhos, fruto de cinco casamentos mal sucedidos, mas o sorriso das crianças e do povo moçambicano é o mais importante.
Ikweli: E para terminar….
Hanane: Infelizmente, há outros que não gostam de ver coisas boas e acabam denegrindo-me. Tive 10 certificados em nomeação socialista como professor. Tenho vários certificados de mérito como desportista, como treinador de futebol. Tenho várias formações e hoje graças a Deus sou instrutor de futebol.
Não estou preocupado com pessoas que querem denegrir a minha imagem, porque eu sei que ninguém acredita do que falam de mim, as pessoas são verdadeiras testemunhas de toda esta obra. Não é o João Baptista, o pai de João Baptista, nem o Yahaia, nem o tio do Yahaia, não é o Faife, esse grupo de pessoas que não tem o mínimo de responsabilidade, o mínimo de vergonha querer denegrir a imagem de um indivíduo que durante 30 anos sustentou o clube. No mínimo, se fossem sócios do clube e pagar as suas quotas. Tenho dito que Deus sabe e o tempo resolve os nossos problemas.
Só para ver, antes de mais aqueles correram tanto para afiliar o clube, nem jogadores tem, nem bola, nem bota, nem equipamento. Estavam a confiar o quê? Este património é fruto da inteligência de Abdul Hanane e sua direcção, de Estêvão Rupela, Joaquim Augusto, Jose Manuel Mpavara, Luís Maiope, de Helder, Muemba, do Rui Marque, Faria Dias Selemane, e toda equipa de trabalho que fez com que em curto espaço conseguíssemos convencer um empresário e viesse nos construir, portanto, este património.
Por isso, a breve trecho, nós aguardamos pela notificação da sentença, vamos recorrer as últimas instâncias. Aqui vai nascer sim, o Águias de Namicopo ou o Benfica de Namicopo. O Benfica de Nampula fica com o tal João Baptista, com o seu Juiz e seu advogado, lá no Muahivire poderão ir no município procurar um espaço, fiquem lá e muito bem porque aqui não. Deixe-nos em paz, vão ter com o Anacleto que levantou o dinheiro e não pagou as contas lá. Vão ao Tribunal e pedir o processo se existe ou não, eu não invento processos. A escritura que a Sonil assinou legalmente está lá na conservatória há mais de 12 anos. Então pergunto, onde é que estava o João Baptista e todos esses quando o clube tinha dívidas, quando o clube tinha problemas?
Agora quando se apercebem que há jogos e espectáculos em Namicopo vem a correr. Aqui onde estamos não havia campo nenhum. Nenhuma alma viva chegava aqui, era um sítio em que as motas eram roubadas e as pessoas eram assassinadas. Nós trouxemos alegria neste povo e neste lugar, hoje estão aqui crianças a jogar temos aqui um património, temos um espaço. O que eles querem? É inveja? Sinceramente. Se eles querem, a lei não proíbe, o conselho municipal está aberto, façam o seu clube, nós já dissemos que fiquem com os estatutos do Benfica de Nampula, fiquem com o que vocês quiserem, mas, por favor, arranjem um espaço com o município. Querem ser o Benfica de Muahivire, sejam o que vocês querem ser, mas a verdade é que o Benfica de Nampula tem estatuto e estão lá, Abdul Hanane, Estêvão Rupela, e infelizmente um desertor o César Brito, como membros fundadores do Benfica de Nampula, então que haja respeito. Se neste país existem leis por favor, que tribunal é esse, que juiz é este? Como é que ele decide uma coisa e não identifica a outra parte, e nem sequer a petição nos foi dada para nós podermos nos defender. Quer dizer ele decide que nós sejamos julgados a revelia mesmo na nossa presença? Isto é absurdo. Em que país nós estamos? Nós vamos as últimas consequências. Inclusive, se for preciso para o futebol parar em todo o país, eu vou fazer parar o futebol neste país. Agora vou preparar a documentação para FIFA com o conhecimento da Federação Moçambicana de Futebol, e agora as coisas vão aquecer. É agora que vão conhecer na verdade quem é o Abdul Hanane, mesmo que seja para vender a minha casa posso fazer para vingar a justiça, para mostrar. Neste país existiram pessoas que morreram, mas deixaram o seu nome, eu, também, vou morrer para endireitar aqueles que se julgam alimentar-se da corrupção e de fantasias. Esta é uma grande falta de respeito e desencorajador.
Vou fazer isso em nome dessas crianças, porque não existem dois Hananes neste país que se preocupam com estas crianças, em nome dessas crianças.