Nampula (IKWELI) – A Polícia da República de Moçambique (PRM), na cidade de Nampula, desmantelou, na madrugada desta quarta-feira (12), no bairro de Mutauanha, um cativeiro onde estavam sendo mantidas reféns três menores de idade raptadas no dia 1 de Junho.
As vítimas, segundo apurou o Ikweli, foram raptadas no bairro de Murrapaniua, e são de idades compreendidas entre 7 a 15 anos de idade.
A acção policial foi resultado da denúncia feita por uma das vítimas que conseguiu fugir do esconderijo e recorreu a subunidade da PRM localizada na zona da Faina, de onde saiu acompanhada com agentes da lei e ordem até ao local onde eram mantidas a força por um grupo de cidadãos de nacionalidade nigeriana.
No local, três indivíduos, nigerianos, foram detidos, incluindo uma médica afecta a Pediatria do Hospital Central de Nampula (HCN).
Esta situação provocou ira no seio dos moradores daquele bairro que decidiram avançar para a violência. Em consequência, demoliram o muro de vedação da residência que servia de cativeiro, facto que obrigou a PRM a disparar para dispersar a multidão. A atitude da polícia agitou mais a situação, o que obrigou a corporação a activar a presença de uma unidade especial, a Unidade de Intervenção Rápida (UIR), que veio disparar gás lacrimogéneo.
Os vizinhos da residência que servia de cativeiro mostraram-se surpresos pois, nunca desconfiaram que aqueles moradores praticavam actos criminais.
Vítimas da PRM
Entretanto, os disparos protagonizados pela PRM fizeram uma vítima. Trata-se de Jonasse Januário que foi alvejado quando passava próximo do local e, imediatamente, foi socorrido para o Centro de Saúde Anexo ao Hospital Psiquiátrico de Nampula, e mais tarde evacuado para o HCN, devido a gravidade dos ferimentos.
A enfermeira Mariamo Saíde, que atendeu a vítima, disse que Jonasse está em estado crítico.
O jornalista do Ikweli, Celestino Manuel, também, não escapou do gás lacrimogéneo da polícia, sendo que teve de ser atendido numa unidade sanitária da cidade.
Todavia, pacientes e seus acompanhantes no Centro de Saúde Anexo ao Hospital Psiquiátrico de Nampula, também, não escaparam da acção policial. O gás lacrimogéneo chegou para todos.
Segundo apurou o Ikweli a PRM usou força letal. “Não era necessário lançar gás lacrimogéneo no recinto do hospital, porque aqui não tinha ninguém evolvido com esse caso. Todos que estavam aqui são doentes e seus acompanhantes. Isso não pode ser assim, não e pode continuar a sacrificar inocentes”, disse um funcionário da unidade sanitária em alusão.
Oficialmente, a PRM ainda não se pronunciou. Contactado pelo Ikweli, Zacarias Nacute, porta-voz da corporação, disse ser prematuro pronunciar-se a respeito. (Celestino Manuel e Redacção)