O concelho autárquico de Nampula, no norte de Moçambique, viveu nos últimos dias uma agitação jamais vista na corrida pela riqueza, tudo porque durante o arranque das obras da reabilitação da segunda faixa da avenida Eduardo Mondlane, a população entendeu que os restos de minérios do tipo granada retirados de uma zona pelas máquinas da edilidade eram minerais preciosos.
Segundo apurou o Ikweli centenas de munícipes acorreram ao local em mais de três dias na tentativa de apanharem o rubi, como estavam sendo tratados os restos minúsculos da granada depositado no local por uma empresa que outrora operava nas imediações e que para garantir a transitabilidade para o seu espaço decidiu depositar estas quantidades de minerais para combater a erosão.
Durante os primeiros dois dias (sexta-feira, 31 de Maio, e sábado, 1 de Junho), jovens, mulheres e adultos disputavam os escombros da reabilitação para encontrar as tais pedras preciosas, e já desde os finais da tarde do último domingo (2), também, crianças juntaram-se a empreitada, ignorando todos os riscos.
“Estou a tentar a sorte de mudar a minha vida, porque ouvi que aqui tem pedras preciosas que valem muito dinheiro. Desde sexta-feira que estou aqui a levar as pedras para casa, porque amanha pode existir um patrão que queira comprar”, disse Ancha Momade, umas das catadoras de pedra entrevistada pelo Ikweli.
Este sentimento é partilhado por todas as pessoas ali presentes, que entendem ter chegado a vez delas de serem ricas.
Mucussete António, Técnico de recursos minerais na direcção Provincial dos Recursos Minerais e Energia de Nampula, explicou que nos anos passados nas proximidades do local em que as populações estão a tirar as pedras existia uma empresa que dedicava-se a compra de minerais, e quando comprava fazia a selecção dos tamanhos dos referidos minerais.
Entretanto, quando os empresários mudaram de instalações, segundo António, tiraram a parte dos minérios sem valor comercial, junto do armazém, e depositaram-nos nos buracos que existiam, anteriormente, nas imediações, de modo a defender a região da erosão dos solos.
A fonte disse que quando a direcção provincial dos Recursos Minerais de Nampula tomou conhecimento, da procura pelos minérios ao longo da estrada em reabilitação, enviou uma equipe de técnicos para inteirar-se da situação, sobretudo o tipo de pedra e o seu valor comercial, o que se constatou tratar-se de granada com tamanhos reduzidos e de baixo valor comercial.
Contudo, António Mucussete diz que as supostas pedras preciosas não passam de uma especulação e assegurou as pessoas que tem essas pedras nas suas residências nunca vão vender porque os compradores já sabem que não tem mercado. (Texto: Celestino Manuel e Redacção, Fotos: Hermínio Raja)