Mãe queima filha por marido não prover capulana para o dia 7 de Abril

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Nampula (IKWELI) – Assinala-se no próximo domingo, 7 de Abril, o dia da mulher moçambicana, data instituída em homenagem a Josina Machel, uma das esposas do primeiro Presidente de Moçambique independente, Samora Machel, pela sua bravura e entrega as causas nacionalistas e a mobilização de outras mulheres para tomarem parte do processo da luta de libertação nacional.

No país, após a independência, as mulheres tem dedicado a data para homenagear a heroína através de diversas manifestações culturais e não só.

Igualmente, com vestimentas coloridas, as mulheres juntam-se em diversos grupos e lugares para celebrar a data que é um feriado nacional.

Como é de praxe, as histórias sobre os acontecimentos que tem palco no dia 7 de Abril são, habitualmente, contadas a partir do princípio da noite do mesmo mas, quis, no corrente ano de 2019 que o quadro mudasse de figura e os relatos pré-festivos indicam que a situação não é para menos.

No bairro de Mutauanha, nos arredores da cidade de Nampula, chegam-nos notícias tristes, tudo porque um marido não tem condições para comprar uma capulana para a sua esposa passar bem vestida o dia 7 de Abril.

Uma menor de apenas 7 anos de idade foi vítima de uma retaliação da sua mãe contra o seu pai. Na tentativa de queimar o seu marido com água, uma senhora de 33 anos de idade vitimou a sua filha com o mesmo liquido em estado de ebulição.

Segundo apurou o Ikweli naquele ponto, o pai da vítima preteriu a capulana com a aquisição de comida para a família, atitude que não agradou a cônjuge.

João Bernardo, marido que devia ter sido queimado, conta que quando chegou a casa com o rancho da família e sem capulana notou uma mudança no comportamento da esposa que, de forma premeditada, tratou de aquecer água para atirar nele mas, porque no momento a filha menor do casal estava ao lado do pai a água quente foi sobre ela, certamente porque a mãe não notou com clareza de que lado da cama estava a criança.

A fonte conta que, imediatamente, com a ajuda de um vizinho encaminharam a esposa para uma subunidade policial e a menor para um centro de saúde com vista a ter assistência médica.

Bernardo acredita que o comportamento da parceira pode estar ligado com o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, uma prática que passou sendo regra da mulher que queimou a sua própria filha nos últimos tempos.

As vizinhanças do casal contaram ao Ikweli que o casal vivia, ultimamente, brigando, motivados pelo comportamento da mulher que pouco se dedicava a família, senão ao consumo de álcool.

“Ela até devia agradecer pelo facto de o marido comprar comida para casa, porque os outros homens quando recebem os seus ordenados preferem comprar bebidas alcoólicas deixando para atrás as necessidades de casa”, refere Ilda Américo, vizinha do casal.

O chefe da unidade comunal 7 de Setembro (circunscrição onde reside o casal), Daniel Francisco, lamenta o sucedido e apela as mulheres para que não destruam as suas famílias por causa de um dia festivo. Alias, recorda o líder local que este comportamento não enaltece as lutas das mulheres moçambicanas.

Por via do Ikweli e da Rede de Comunicadores Amigos da Criança (RECAC), o Gabinete de Atendimento a Família e Menor Vítimas de Violência (GAFMVV), uma unidade da Polícia da República de Moçambique (PRM), tomou conhecimento do caso e prometeu dar seguimento ao mesmo. (Celestino Manuel)

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