Nampula (IKWELI) – O Gabinete Provincial de Combate e Prevenção à Droga de Nampula (GPCD) admite que a província tornou-se em um corredor de contrabandistas e consumidores de drogas pesadas, nomeadamente a suruma, heroína e haxixe, pela fraca capacidade de fiscalização e apreensão por parte do governo.
De acordo com Germano Joaquim, director do GPCD de Nampula, o governo não dispõe de recursos suficientes para controlar e erradicar o problema.
Segundo a nossa fonte, a instituição que dirige não dispõe de condições mínimas para levar a cabo acções de fiscalização e sensibilização comunitárias com vista a desencorajar o uso e tráfico de estupefacientes que é cada vez mais intenso.
“O modus operandis dos traficantes é deveras preocupante. A realidade existente na nossa província é que tem uma larga costa marítima e não temos meios capazes de cobrir com toda eficácia”, reconhece o governante.
Para Germano os portos e aeroportos internacionais que a província de Nampula tem são os principais pontos de entrada e saída das drogas e dos respectivos traficantes.
“A província é um corredor. Se tivéssemos condições de trabalho mais eficientes podíamos sobrevoar com helicópteros em todas as zonas, podíamos entrar nos vagões dos comboios, mas os activistas não conseguem lá chegar por causa dos problemas financeiros. Podíamos constituir diversas brigadas e espalha-las em quase toda a província, mas onde estão os carros e respectivos combustíveis? Então a problemática financeira passa a ser uma limitante”, desabafou Germano Joaquim.
Para o nosso entrevistado, “sempre foi uma situação constrangedora, em termos do movimento de traficantes e do consumo de drogas a nível da província. Por isso, até o próprio governo da província preocupa-se em dar-nos instruções concretas para que possamos reduzir esta situação”.
Pela falta de meios de prevenção e combate ao tráfico de drogas, os dados do governo tornam-se pobres a respeito, dai que só no ano passado de 2018 foi possível registar a neutralização de 359 quilogramas de suruma e cerca de 4 quilogramas de heroína.
No entender de Germano Joaquim, Nampula para além de ser um dos principais corredores de tráfico, também, serve-se de campo de produção de drogas diversas.
“A nossa província tem 23 distritos, destes há os municípios [cidades e vilas], e existe a zona rural, daí que a problemática da droga é toda ela diferenciada. Há aqueles que se destacam no consumo, que é o caso das cidades, e temos a preocupação daqueles que enveredam pela produção, no caso das zonas rurais”, disse.
Mesmo com a falta de recursos, o Gabinete Provincial de Combate e Prevenção à Droga de Nampula capacitou, no ano passado, mais de 700 activistas. No total, a província conta com cerca de sessenta mil activistas.
O nosso interlocutor disse que a instituição que dirige tem estado a trabalhar em coordenação com outras instituições públicas, como é o caso da Polícia da República de Moçambique, Educação, Saúde e Alfândegas para dissuadir e combater ao tráfico e consumo de drogas na mais populosa província do país. (Sitoi Lutxeque)