Refugiados detidos pela PRM em Nampula desapareceram

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Nampula (IKWELI) – Onze cidadãos de nacionalidade estrangeira detidos na semana passada no Centro de Refugiados de Maratane pela Polícia da República de Moçambique (PRM) são dados como desaparecidos.

Segundo testemunhas entrevistados pelo IKWELI no local, o grupo dos refugiados foi detido, sem nenhum mandado judicial, durante a calada da noite por agentes da PRM.

Esta situação provocou uma revolta e instalou medo no seio de outros refugiados acolhidos naquele centro, o único da região Austral de África.

De acordo com um refugiado que não quis se identificar, temendo a perseguição das autoridades, a Polícia desencadeou, na semana passada, uma série de detenções nocturnas que culminaram com a captura de onze cidadãos.

“A Polícia estava no cruzamento, da entrada de Maratane, e capturou sete pessoas. Depois de noite, por volta das 2horas, entrou um carro da Polícia e dentro havia agentes que levavam as pessoas em busca e captura. Até agora não sabemos o paradeiro dessas pessoas [estrangeiros]. Assim são onze pessoas [detidas]. A maioria é da República Democrática do Congo e da Etiópia”, disse a nossa fonte.

Os refugiados afirmam que não foram informados das razões das detenções até porque, antes das mesmas, a região estava calma e tranquila, mas agora muitos vivem com medo, pois não sabem se não serão os próximos.

“Estamos com medo, porque nessa lista não sabemos quem será detido na noite de hoje. Quando entramos em Moçambique sabíamos que, também, eles [os moçambicanos] já foram refugiados. Moçambique agora vive na paz e prima pelo diálogo e como é que essa harmonia não pode entrar lá em Maratane?”, precisou o nosso entrevistado, cuja identidade a protegemos.

Os refugiados pedem, agora, a intervenção do governo e parceiros para o esclarecimento das detenções.

A Comissão Episcopal para Migrantes e Refugiados e Deslocados (CEMIRDE), uma organização pertencente a igreja católica, teve conhecimento atraves de terceiros, mas tenta apurar junto das autoridades governamentais locais.

O padre Pierre Arlian é o ponto focal da CEMIRDE em Nampula e disse que “eu ouvi isso, também, mas não confirmei. Estava a ligar para o administrador para, justamente, saber o que aconteceu. Não tenho certeza, só que alguns paroquianos falaram disso, mas as autoridades do campo (administrador) ainda não consegui falar com ele”.

Entretanto, as autoridades governamentais desconhecem as detenções. O Ikweli contactou, telefonicamente, o recém-nomeado administrador do Centro de Refugiados de Maratane, Chea Consolo.

Aquele responsável recusou-se a gravar entrevista, mas afirmou que não tinha conhecimento das alegadas detenções, e aconselhou-nos que contactássemos ao delegado do Instituto Nacional de Refugiados (INAR) em Nampula, este que, também, não quis falar e prometeu retornar a comunicação, o que não aconteceu até ao fecho desta reportagem.

Por seu turno, o porta-voz da Polícia moçambicana em Nampula, Zacarias Nacute, negou que haja uma operação que visava prender estrangeiros em Maratane e acrescentou que, em momento algum a Polícia prende um individuou e coloca-o em parte incerta.

“No momento, não trago subsídios sobre detenção de refugiados. Mas sempre que a Polícia faz detenção esses indivíduos não são dirigidos a partes incertas, mas sim encaminhados em diversas sob unidades que nós temos a nível da nossa província”, disse Nacute.

O Centro de Refugiados de Maratane alberga pouco mais 12 mil refugiados, oriundos de diferentes países, sobretudo a República Democrática de Congo, Burundi, Ruanda, Somália e Etiópia. (Sitoi Lutxeque)

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